domingo, 1 de novembro de 2009

Craniofaringioma

Craniofaringiomas são tumores epiteliais praticamente restritos à região selar e IIIº ventrículo. Constituem 2 a 5 % dos tumores intracranianos e 10 % dos tumores intracranianos não neuroepiteliais de crianças. Incidência anual de 0,5 a 2,5 casos novos por milhão. O tipo clássico ou adamantinomatoso é cerca de 10 vezes mais freqüente que a variedade escamopapilar. O primeiro afeta mais crianças, o segundo ocorre só em adultos. Ambos recebem grau I da OMS.
Os sintomas e sinais mais comuns devem-se à hipertensão intracraniana, distúrbios visuais, e alterações hormonais devidas à lesão do hipotálamo e hipófise.
Craniofaringioma adamantinomatoso: guarda semelhança com o adamantinoma (tumor de germe dentário), e se origina em ninhos de células epiteliais habitualmente vistos na superfície da haste hipofisária. Antigamente se acreditava que estas células eram remanescentes do ducto craniofaríngeo, mas hoje estes ninhos celulares são considerados resultado de metaplasia de células adenohipofisárias.
Incidência: A grande maioria origina-se nas duas primeiras décadas da vida, com um pico menor em adultos na meia idade. Exemplos congênitos ou em velhos são muito raros. Já os craniofaringiomas escamopapilares são exclusivos de adultos (pico entre 40 e 55 anos).
Clínica: Resultam em disfunção do eixo hipotálamo-hipofisário, sintomas visuais, hidrocefalia por obstrução ao fluxo liquórico, hipertensão incracraniana, panhipopituitarismo, retardo de crescimento, diabetes insipidus e amenorréia. Pode haver distúrbios de personalidade e das funções cognitivas.
Localização: É tipicamente supraselar, mas pode apresentar extensões, inclusive intraselar, fossa anterior, fossa média, e retroclival. Cerca de 5% estão confinados à sela. Raramente, há craniofaringiomas ectópicos no esfenóide, seios paranasais, nasofaringe, ângulo pontocerebelar, quiasma óptico e pineal. Transformação maligna é rara.
Imagem: Aparecem como massas supraselares císticas ou sólido-císticas, parcialmente calcificadas e captantes de contraste. Alguns são calcificados a ponto de serem visíveis à radiografia simples de crânio.
Macro: O craniofaringioma adamantinomatoso preenche a região supraselar, mostrando uma superfície irregular com o cérebro em volta, desloca e adere-se a nervos e vasos. Internamente, há grande variedade de aspectos, incluindo cistos, calcificações, restos necróticos e tecido fibroso. Líquido encistado é caracteristicamente comparado a ‘óleo de máquina’, espesso, amarelado, oleoso, e contém abundantes e minúsculos cristais brilhantes de colesterol. Contaminação espontânea ou intraoperatória das meninges com este líquido pode causar intensa meningite química. A chamada ‘queratina úmida ou molhada’ (‘wet keratin’) (abaixo) aparece macroscopicamente como pontos ou manchas brancacentas, que freqüentemente calcificam e podem ossificar.
Genética: Mais que 70% dos craniofaringiomas adamantinomatosos têm uma mutação no gene da beta catenina. Isto não foi encontrado nos craniofaringiomas escamopapilares. A beta catenina é uma proteína multifuncional com pelos menos dois papéis básicos conhecidos. Por um lado funciona em adesões intercelulares, mediando a ligação das cadherinas (proteínas transmembrana constituintes das junções adherens e dos desmossomos) ao citoesqueleto de actina. Por outro lado, tem funções de regulação do crescimento celular, e sua mutação pode induzir tumores. Para detalhes, ver ref. Alberts et al. (2002).
Tratamento e prognóstico: Recidivas são freqüentes após ressecção incompleta (58%). Mesmo ressecção macroscopicamente completa seguiu-se de recidiva em 17%. Relatam-se intervalos de 10 anos sem recidivas em 60 a 93 % dos pacientes. A extensão da ressecção é o principal fator prognóstico. Lesões maiores que 5 cm têm prognóstico significativamente pior. Tumores recidivados tendem a ficar mais aderidos às estruturas nobres e são praticamente irressecáveis. O valor de radioterapia é discutível. Transformação maligna é extremamente rara. A importância prognóstica de índices MIB-1 maiores (13,2%) ou menores (3,4%) é incerta.
Craniofaringioma escamopapilar: Esta variedade de craniofaringioma ocorre na idade adulta, com perda visual e hipertensão intracraniana.
Radiograficamente, a sela túrcica é pouco ou não afetada, pois estes tumores parecem originar-se no IIIº ventrículo ou no espaço supraselar. Ao contrário dos adamantinomatosos, os craniofaringiomas escamopapilares não calcificam, podendo ser sólidos ou sólido-císticos, com papilas vegetando da superfície do componente sólido para o interior do cisto.
Macro: Tendem a ser bem circunscritos, e não apresentam a interface irregular e aderida ao tecido nervoso, própria dos craniofaringiomas adamantinomatosos. Também não contêm líquido em óleo de máquina, cristais de colesterol ou calcificação.
Microscopicamente, craniofaringiomas escamopapilares são formados por epitélio escamoso bem diferenciado, disposto sobre estroma conjuntivo-vascular, às vezes formando pseudopapilas.
A histogênese não é clara, mas poderiam estar ligados à bolsa de Rathke, o que explicaria o encontro focal de células cilíndricas ciliadas e/ou células caliciformes.
O prognóstico dos craniofaringiomas escamopapilares parece ser semelhante ao dos adamantinomatosos.

Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/nptcraniofar14c.html#textocraniofar

9 comentários:

  1. Mande notícias.Procure no google o blog viver com craniofaringioma.Nós também vivemos um drama

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  2. Olá Vania, encontrei o seu blog e já estou participando dele...
    abs

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  3. Olá Lidionete.
    Há 2 semanas descobrimos um tumor - craniofaringioma - na minha irmãzinha, Thainá, 16 anos. Foi um choque...estamos confiantes em Deus, ela operará em breve. Abraço e obrigada pelo site.
    Tallyta
    tallytacardoso@yahoo.com.br

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    1. Boa noite como está sua irmã já fez a cirurgia tenho uma filha de onze anos que também tem um tumor craniofarigioma fez uma cirurgia não tirou o tumor colocou uma válvula graças a Deus está bem se quiser meu contato me add face bjs e tenha fé

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    2. ola, lindinalva, tambem tenho uma filha q fez a cirurgia do desse tumor (craniofaringeoma). como sua filha está? pode me mandar seu email. meu email é jianleobet@hotmail.com

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  4. perdi minha prima dia 16/11/2011 com 18 anos de tumor craniofaringioma.

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  5. boa noite minha filha de 10 fez a cirurgia em janeiro de 2011 de craniofaringioma esta tomando remédios e faz retorno frequente com os médicos

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  6. Minha filha tem 18 anos em agosto passado foi diagnosticada com graniofaringioma fez a cirurgia em Outubro no dia 16 mas ñ conseguiram tirar tudo fez 30 secoes de radioterapia mas ainda ficou resíduo do tumor fico desesperada preocupada com medo dele voltar me ajudem.

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