sábado, 25 de abril de 2009

JUN 2002 - Sabino / Agrotóxicos

Na igreja de Sabino... Eles tinham uma roupinha igual. Adorava vesti-los assim... Tão lindinhos...

Passeando de trator... Indo ver a plantação de tomates do tio Sinezio. Os tomates eram recém colhidos e com agrotóxico. Por descuido nosso, O Vitor acabou comendo 1 ou 2 destes tomates, sem a higienização necessária. Quando vi, ele já tinha levado à boca e estava devorando... Fiquei preocupada na hora, mas depois achei que não houvesse problema. Meu tio alertou que estavam com agrotóxico... Na época, não tinha o conhecimento que tenho hoje e não tinha noção da gravidade da situação... Achei “engraçadinho”, tirei foto... Voltamos pra casa da minha avó e esqueci o episódio.

No dia seguinte, o Vitor amanheceu todo “empipocado” , com erupções vermelhas na pele... Achei que podia ser por causa do calor ... Nem me toquei que poderia ser por causa do agrotóxico... Nem me lembrei do agrotóxico... Procurei o Posto de Saúde da cidade de Sabino e o médico receitou um anti-alérgico. Passado alguns dias, as erupções desapareceram e o assunto foi esquecido.

Depois deste episódio, passaram-se 5 anos e o tumor foi diagnosticado. Li muito sobre câncer. No livro de biologia Molecular “Uma célula Renegada”, do Dr. Robert A. Weinberg, compreendi sobre os passos necessários para um tumor iniciar-se. Há os oncogenes, que podem ser promotores de tumor ou mutagênicos e os supressores tumorais, que tentam evitar que os oncogenes atinjam seu objetivo. É muito provável que o Vitor tenha uma desordem genética chamada “neurofibromatose” (ele tem as características físicas), que é um defeito no cromossomo 17... Essa desordem genética causa nos afetados deficiência de neurofibromina, que atua como supressor tumoral e que por causa disso, portadores de neurofibromatose tem 4 X mais chances de desenvolver tumores do que pessoas que não tem neurofibromatose. No livro "Agrotóxicos Mutações, câncer e reprodução" (Cesar Koppe Grisolia, Prof. de Genética da Universidade de Brasilia), pag 52, diz sobre os riscos da exposição infantil aos agrotóxicos, por causa da "maior vulnerabilidade do Sistema Nervoso Central, no qual o cérebro toma a forma final do adulto, fase em que há multiplicação dos espongioblastos e neuroblastos, que são os precursores das células da glia e dos neurônios... Por causa da maior facilidade de absorção, os agrotóxicos, como qualquer outra substância tôxica, atingem mais rapidamente os diferentes compartimentos corpóreos nas crianças. Há uma diversidade de proteínas plasmáticas que se ligam aos xenobióticos para iniciar os processos de biotransformação". E o tumor do Vitor é um GLIOMA (células da glia)... A minha pergunta: Será que este episódio teve alguma relação? Talvez outras crianças, com os "supressores tumorais" funcionando perfeitamente não haveria nenhum problema... A minha intenção é, de repente, ajudar outras pessoas a terem mais cuidados. Na época, éramos totalmente ignorantes nesse assunto... No GRAACC (também Instituto de Oncologia Pediátrica em São Paulo), vejo muitas crianças de regiões agrícolas com Tumores no Sistema Nervoso Central... Li também no livro "Agrotóxicos Mutações, câncer e reprodução" que no Brasil existem poucos estudos dos efeitos dos agrotóxicos. A maioria dos estudos são dos EUA, Canadá e Europa e muitos dos agrotóxicos que são proibidos lá, são liberados no Brasil... E muitos tipos de agrotóxicos tem propriedades mutagênicas, ou seja, capacidade de iniciar um câncer!

OBS: O que expus acima é apenas uma suposição, baseado nos livros que li, de diferentes áreas distintas. Claro que os médicos dizem que não há como provar o que “iniciou” o tumor do Vitor. Mas fica aqui o alerta, em cima da experiência pessoal e também com base em todas as informações que busquei, que não descartam esta possibilidade.



Vitor na prainha de Sabino. Tinha 1 ano e 2 meses...

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