domingo, 28 de setembro de 2014

Exercitando a independência

Sempre fui muito tranquila com relação à independência dos meus filhos e desde cedo, tanto eu quanto meu esposo os preparamos para que possam se deslocar sozinhos pela cidade. Meus filhos mais velhos usam metrô e transporte público desde os 12 anos! Eles quiseram estudar numa escola que fica no centro de São Paulo, cujo meio mais prático é o uso do metro, então eles se viram muito bem. Algumas vezes até fizeram serviço de office-boy para o pai, indo para outras regiões da cidade. Tenho meninos de ouro, dedicados e batalhadores, que tem ciência que dinheiro não nasce em árvore.

Eu e meu esposo sempre batalhamos desde cedo... Nossos pais são humildes e antes mesmo dos 14 anos começamos a trabalhar pra conseguir nosso dinheirinho. Eu vendi sorvete, chocolate, cartão em comércios, no trem e também em porta de fábricas. Aos 15 anos comecei fazer estágio da Caixa Econômica Federal e após 2 anos meu contrato de estágio não pôde ser renovado... Nesta época eu tinha 17 anos, e havia passado num vestibular e meu pai, recém operado do coração, não tinha dinheiro para pagar minha matrícula da faculdade e nem custear meus estudos... Decidi ir pra luta, e consegui custear meus estudos dessa forma.  Depois de 5 meses, a Caixa me chamou de volta como contratada e fiquei lá 5 anos e meio e como não havia possibilidade de ser efetivada sem concurso, com muita dor no coração saí de lá para trabalhar com meu marido, sendo sócia numa corretora de seguros e assim é até hoje.

Sempre procuramos instruir nossos filhos no caminho que achamos certo, O Bruno, meu mais velho, começou trabalhar com 16 anos, num estágio na secretaria da educação. Ele acordava às 05:00 da manhã, pegava o metrô às 06:00, entrava na escola às 07:00 e depois da escola, ia para o trabalho, ficando lá até de noite. Um dia liguei no telefone da repartição para falar com ele e a chefe atendeu e foram só elogios que ouvi a respeito do meu filho, com relação à sua dedicação, compromisso e responsabilidade. Que mãe não fica orgulhosa? rsr

O Davi, que completou 16 anos recentemente é também super dedicado, Estuda o dia inteiro na ETEC, fazendo curso integrado do ensino médio, junto com o técnico de edificações.

E o Vitor, nosso caçula, completou 13 anos em março e devido ao que ele passou, temos muitas restrições quanto à andar sozinho. Ele tem algumas sequelas relacionadas ao equilíbrio e por causa disso, pode desequilibrar e cair com mais facilidade. Quando andamos de metrô, precisa de apoio, pois uma freada brusca pode derrubá-lo. E precisa segurar com a mão esquerda, pois a direita é mais fraca e passível de soltar com facilidade... Outro grande medo meu é ele pegar metro em horário de rusch, no meio daquela muvuca de gente e o derrubaram... Meu coração gela só de pensar nisto!!

Mas sei que precisamos vencer esse medo e tenho muita fé que ele vai conseguir se superar a cada dia e estas sequelas não irão impedir que ele tenha uma vida plena e normal, estudando, trabalhando e levando a vida como qualquer um.

No dia 15 de maio desse ano, exercitamos um pouquinho essa independência... Nesse dia fui buscá-lo na escola e de lá iria para outro lugar e como ele não quis ir comigo, permiti que voltasse sozinho pra casa de metrô... O deixei na estação e ele pegou o metrô no sentido certo e acabei esquecendo de dizer qual estação deveria descer... Como nossa casa fica próximo a duas estações, qualquer uma serviria, mas numa delas é necessário atravessar avenidas de trânsito rápido e por isso, perigosas. E ele escolheu justamente esta... Só fiquei sabendo depois que ele chegou em casa e agradeci a Deus por tê-lo protegido!

Em junho ele teve o incidente da batida da cabeça e perda do equilíbrio, não conseguindo se manter em pé  ou andar por 5 dias. Ficamos muito angustiados, pois não sabíamos se esses sintomas seriam transitórios ou não. Graças ao bom e maravilhoso Deus se recuperou e já está praticamente como antes...

E vamos seguindo adiante, vencendo os desafios com força e coragem, com Deus à frente, sempre!!




2 comentários:

  1. Lidionete,

    Que lindo seu relato. Também venho de uma família humilde e tiver que batalhar muito para cursar uma faculdade e passar num concurso público, mas cada dificuldade foi recompensada.
    Ainda não tenho filhos, mas espero conseguir criá-los como vocês, mostrando o quanto é importante batalhar, ser responsável e ir atrás dos nossos objetivos.

    Bjos

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    1. Oi Cíntia, obrigada pelo comentário. Nada na vida é fácil e se conseguimos alguma coisa, foi com muito sacrifício. Acho importante os filhos saberem disso e aprenderem desde cedo dar valor...
      bjss

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