No dia 21/03/11 assisti a reportagem no jornal da Band sobre a contaminação do leite materno por agrotôxicos, o que mais uma vez mostrou a vulnerabilidade das crianças com relação a agrotóxicos e outras substâncias química tóxicas.
Na reportagem, foi apresentado o resultado de uma pesquisa, onde foi testado o leite materno de 62 mulheres da cidade de Lucas do Rui Verde, no Mato Grosso. O resultado foi estarrecedor, pois comprovou que em 100% das amostras testadas havia contaminação de pelo menos um tipo de agrotóxico.
O que é intrigante, é que essas “mamães” não são trabalhadoras agrícolas e apenas 3 delas moravam na parte rural da cidade... São pessoas comuns, que de uma forma ou de outra ficaram expostas e assim contaminadas. Seus bebês, desde muito cedo, já entraram em contato com substâncias comprovadamente deletérias à saúde.
Outro fato assustador, é que nestas amostram de leite materno foram encontrados resíduos de substâncias proibidas no Brasil desde 1998...
Conforme já mencionei algumas vezes, tenho fortes suspeitas de que meu filho Vitor tenha sido contaminado por agrotóxicos, quando tinha 1 ano e 2 meses, numa ocasião em que visitamos uma lavoura de tomate e ele comeu 2 tomates recém colhidos... Explico como foi neste post:
http://jornadacontraocancer.blogspot.com/2009/04/jun-2002-sabino-agrotoxico.html
Depois de tudo que li e pesquisei, esta hipótese ganha bastante força. Abaixo, algumas considerações sobre o assunto, baseadas no livro que estou lendo no momento, chamado: "Cem anos de Mentira", do jornalista investigativo da área de ciencia e medicina, Randall Fitzgerald. O livro é repleto de citações de artigos científicos, publicados nos mais importantes periódicos da área.
Vivemos num mundo tóxico
Durante as últimas décadas, mais de 100 mil substâncias quimicamente sintéticas foram registradas como componentes de produtos públicos, destinados à utilização na agricultura e nas atividades industriais. Infelizmente, a ciência não pode testar de forma efetiva os efeitos de tamanha carga tóxica sobre nossos organismos. Os estudos analisam geralmente a substância “isoladamente”, o que não traduz um resultado real, pois milhares de substâncias químicas tóxicas “interagem” entre si. Isso se chama sinergia, que á a ação simultânea de 2 ou mais substâncias químicas, cujo efeito total resulta muito maior do que a mera soma dos efeitos individuais das partes envolvidas. Considerando a enormidade do desafio de testes dos efeitos sinérgicos, um especialista calculou que se somente as mil substâncias químicas mais comuns fossem testadas quanto às diferentes combinações obtidas a partir de três substâncias misturadas entre si, a cada combinação, seriam necessários 166 milhões de experimentos distintos para cobrir todas as possibilidade. É por este motivo que existem tão poucos estudos acerca de efeitos sinérgicos das substâncias entre si.
Na reportagem da Band, o toxologista Wanderley Pignati informou que as pessoas são atingidas pelos efeitos dos agrotóxicos, independentes de estarem na lavoura, no momento da aplicação. Ele explicou que parte do agrotóxico é levada pelo vento, outra parte contamina o lençol freático (atinge água potável), e ainda outra parte evapora, condensa e desce na forma de chuva, podendo então atingir outras regiões.
Já li alguns livros e também artigos sobre os efeitos das substâncias nocivas, que podem ser os agrotóxicos e inseticidas ou também substâncias químicas sintéticas na forma de aditivos alimentares, como conservantes, corantes, adoçantes ou na forma de produtos de uso pessoal e geral, como plásticos, vernizes, tintas, cosméticos, produtos de limpeza ou de higiene pessoal. São substâncias invisíveis, que invadem nosso corpo e são capazes de malefícios inimagináveis.
Meios de contaminação
Somos contaminados por toxinas através da pele, dos pulmões ou do estômago, por intermédio da alimentação. Todas estas intrusas terão inevitavelmente de se confrontar com o fígado, onde serão detectadas e a maioria delas enviadas para eliminação. Mas nem todas as substâncias toxinas tem este destino... Algumas se concentram em certos órgãos ou tecidos, que podem ser os ossos, fígado, rins ou até mesmo o cérebro. Há substâncias tóxicas que conseguem transpor a barreira hemato-encefálica que protege nosso cérebro, e ali se alojam, tornando muito difícil a eliminação. Algumas substâncias químicas se decompõe muito lentamente, outras são indecomponíveis.
Falhas nos sistemas de Desintoxicação e Excreção
“Nossos corpos não foram projetados para se proteger contra esse verdadeiro massacre quimico”, observa Paula Baillie-Hamilton, autoridade britânica nos efeitos das toxinas químicas sobre a saúde. “Como resultado disso, nossos sistemas geralmente falham ao tentar processar e eliminar a maioria dessas substâncias químicas que entraram em nossos corpos; então, os níveis de concentração começam a se elevar dentro de nós”. E muitas dessas substâncias permanecem aguardando para desencadear um processo sinérgico que resultará em uma doença.
Minimizando os efeitos da contaminação
As toxinas químicas não respeitam fronteiras ou quaisquer outros limites e nos invadem incessantemente, à medida que respiramos, comemos ou bebemos. Nossa única esperança razoável é aprender como minimizar os riscos e controlar a exposição às toxinas sintéticas, de modo a aumentar as chances de viver vidas mais saudáveis.
Um corpo saudável é um eficiente eliminador de toxinas. Os sitemas envonvidos são: intestinos, rins, respiração, onde eliminamos o dióxido de carbono tóxico dos nossos pulmões, o fígado, que filtra o sangue que circula em nosso corpo para purificá-lo. O sistema linfático é responsável pela remoção de toxinas e do excesso de líquidos do nosso organismo, como ocorre com as glândulas sudorípadas e a pele (maior órgão do nosso organismo), também responsável pela eliminação de toxinas. Qualquer restrição ou mau funcionamento desses sistemas de eliminação fará com que as toxinas comecem a se acumular. Todos somos capazes de tolerar certos níveis de toxinas em nosso organismo. Esse nível de tolerância, porém, é diferente de pessoa para pessoa e depende da exposição a cada determinada substância, do estilo de vida, da dieta alimentar, dos remédios consumidos e dos hábitos em geral.
Suscetibilidade Genética
A exposição a certas substãncias químicas desencadeia a nossa suscetibilidade genética para alguma doença ou mal. Em que momento esses níveis de exposição serão suficientes para desencadear doenças ou males específicos, depende de uma variedade de fateres, incluindo predisposições genéticas, e a extensão dos danos sofridos pelo sistema imunológico, afetado pelas toxinas químcias. A genética e os fatores ambientais interagem nas células humanas, ocasionando modificações em suas moléculas que iniciam certo tipo de reações em cadeia e que levam ao surgimento das doenças. Os cientistas comparam estas modificações ao efeito de uma cascata – uma série de quedas d´água, cada vez maiores, de cada uma para a seguinte – que proporciona o aparecimento do câncer, do mal de parkinson, da artrite, dos males cardíacos e de outras doenças.
Influência da Nutrição Inadequada
O funcionamento dos nossos sistemas imunológicos está comprometido pela nutrição inadequada, o abuso de antibióticos e as toxinas químicas que absorvemos e armazenamos em nossos corpos.
“Agentes causadores de câncer podem amplificar os efeitos uns dos outros”, observou o Dr. Wogan, numa reportagem publicada no jornal The New York Times, de 13 de dezembro de 2005: “Como um complicador adicional, a dieta de uma pessoa – ou alguns componentes dessa dieta – pode aumentar a atividade de algumas enzimas que convertem substâncias químicas em carcinogênicos enquanto outros componentes da dieta podem desativar enzimas que anulam a toxidade de certas substâncias químicas”
Aquilo que nós, seres humanos, consumimos como alimento passou por transformações mais profundas nos últimos 100 anos. Embora, geneticamente, nossos corpos tenham conservado as mesmas necessidades nutricionais dos nossos ancestrais. Essa discrepância entre o que somos fisicamente e o que colocamos dentro dos nossos corpos plantou a semente da atual variedades de epidemias, males e doenças com que sofremos. O argumento de que a nossa dieta de alimentos processados, saturados de substâncias químicas sintéticas, está em conflito com a dieta para a qual fomos geneticamente programados surgiu, pela primeira vez, em 1985, no relatório escrito por S. Boyd Eaton, publicado no The New Engalnd Journal of Medicine. A idéia foi, mais tarde, desenvolvida por Loren Cordain, professor do departamento científico de saúde e fisiologia da Universidade do Estado do Colorado, e publicada em seu livro The Paleo Diet (A Dieta Paleontológica), em 2002. “Nossos genes determinam nossas necessidades nutricionais”, escreveu Cordain, e “vários alimentos modernos estão em conflito com a nossa conformação genética”, uma situação que, consequentemente, redunda na causa de muitas das doenças atuais”.
Temos utilizado nosso conhecimento científico para modificar os alimentos que nos foram dados pela natureza, desrespeitando, assim, as leis da própria natureza quanto à manutenção da saúde. ”A natureza dispõe os alimentos em embalagens que contêm as combinações adequadas de minerais e outras substâncias essenciais à nutrição dos nossos vários órgãos”.
Crianças são as maiores vítimas
Voltando ao caso do leite materno contaminado na cidade de São Lucas do Rio Verde:
A presença desses contaminantes no leite materno indica que o feto também foi exposto durante a vida intrauterina. Simpósios da Society of Toxicology destacam a relação entre o estresse ambiental na vida fetal e a ocorrência de doeças e condições de caráter neurológico e imunológico durante a infância e vida adulta. Já sabemos que quanto mais precoce a exposição, maiores os riscos. O nível de atividade de determinadas enzimas, que ajudam na desintoxicação de certos pesticidas, ainda é bem ineficaz nos primeiros anos de vida.
No maior estudo sobre exposição a produtos químicos com seres humanos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças norte-americanos encontraram mais de 100 substâncias tóxicas nos corpos de 2400 pessoas analisadas. Constatou-se que as crianças têm uma carga de substâncias químicas maior em seus corpos, do que a dos adultos.
Um estudo conduzido por uma organização chamada Environmental Working Group, utilizando dois laboratórios diferentes para mensurar o nível de toxinas químicas presentes no sangue do cordão umbilical de dez bebês recém-nascidos, escolhidos aleatoriamente em hospitais norte-americanos, em agosto e setembro de 2004. Uma média de 200 substâncias químicas sintéticas foram detectadas – o que significa que aqueles bebês haviam sido expostos a um violento ataque de toxinas, através dos corpos de suas mães, durante uma fase crítica de desenvolvimento pré-natal. Entre as substâncias sintéticas encontradas no sangue das crianças, incluíam-se 8 perfluoroquímicos, utilizados como repelentes de oxidação e gorduras em embalagens de fast-food, dúzias de substâncias antiinflamáveis e pesticidas, e PFOA (ácido Perfluorooctanóico), a substância química do Teflon. Quase todas as toxinas encontradas têm sido relacionadas ao desenvolvimento de câncer, distúrbios do cérebro e do sistema nervoso, defeitos congênitos e,problemas no desenvolvimento infantil.
A maioria das substâncias químicas tem-se revelado entre três e dez vezes mais tóxicas para os fetos e recém-nascidos do que para adultos. Essa contaminação pode começar no próprio ato da concepção, como resultado da carga química que o corpo da mãe comporta ou devido ao esperma do pai servir como transporte para toxinas que serão introduzidas diretamente no óvulo.
Algumas crianças já iniciam a vida com algum defeito degético que afeta suas funções metabólicas e torna seus organismos menos eficientes no tocante à excreção das toxinas. Tal predisposição pode comprometer o bom funcionamento dos seus sistemas imunológicos. No ano 2000, a Academia Nacional de Ciências notifica que metade das gerações ocorridas nos Estados Unidos resulta em bebês não completamente saudáveis.
Danos ao Cérebro
Os pesticidas Dieldrin e Diazinon contém toxinas conhecidas por provocar danos ao sistema nervoso. São perigosos carcinogênicos, encontrados em grande parte da carne e laticínios testados nos Estados Unidos.
Um estudo laboratorial foi conduzido, durante 2 anos, na Universidade de Liverpool, Inglaterra, para analisar 4 aditivos alimentares comuns: o adoçante artificial aspartame, o glutamato monosódico (MSG), e os corantes artificiais quinolina amarela e azul brilhante. Constatou-se que todos eles interagiam sinergicamente de maneira a interferir com o desenvolvimento normal das células nervosas. As misturas entre eles mostraram-se capazes de produzir efeitos neurotóxicos sobre o crescimento das células nervosas até 7 vezes mais potentes do que se as mesmas substâncias fossem utilizadas individualmente – de acordo com os resultados do estudo, publicado em 2005 pela revista científica britânica Toxicological Sciences (Ciências Toxicológicas). A combinação dos aditivos estudados foi encontrada, tipicamente, na circulação sanguínea de crianças imediatamente após a ingestão de um lanche acompanhado de refresco.
Em 1968, um cientista da universidade Washington, em Saint Louis, Missouri, administrou doses de glutamato monosódico a ratos de laboratório e constata uma alta incidência de danos cerebrais, especialmente em indivíduos imaturos e recém nascidos. Este aditivo está na maioria dos alimentos processados, inclusive nos alimentos para bebês.
Estudos sobre a questão
São muitos os estudos que mostram esta conexão entre substâncias tôxicas X danos cerebrais, principalmente em crianças. Indico 3 livros bastante interessantes, recheados de artigos científicos, que apresentarão maiores detalhes deste assunto::
Livro “Cem anos de Mentira”
Livro escrito pelo jornalista investigativo Randall Fitzgerald, mostra de que maneiras substâncias químicas manufaturadas são misturadas à nossa comida, água, medicamentos e no próprio ambiente, fazendo da espécie humana a mais contaminada dentre todas as que habitam o planeta. Randall Fitzgerald escreveu diversas reportagens investigativas para os diários The Washington Poste The Wall Street Journal e trabalhou por vinte anos como editor assitente da revista Reader´s Digest – para a qual ele pequisou, escreeu e editou inúmeros artigos sobre ciência e medicina.
Livro “Agrotóxicos – Mutações, câncer e reprodução”
O Dr. Cesar Koppe Grisolia, professor do departamento de Genética e Morfologia da Universidade de Brasilia, faz uma abordagem sobre os agrotóxicos, resultante de muitos anos de pesquisa a respeito de seus efeitos indesajados sobre o material genético e sobre os sistemas reprodutivos das mais diferentes espécies.
Livro: “Meio Ambiente e Câncer”
Dos médicos Antonio Franco Montoro e Diogo Pupo Nogueira. Os autores analisam as causas do câncer (muitas vezes desconhecidas pelo público) e a proposta de medidas capazes de removê-las ou diminui-las constituem a contribuição deste livro.
Até onde vamos chegar, eu não sei. Acho difícil os governantes conseguirem reverter a dramática situação, a menos que tenham boa vontade...
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Boa noite Lidionete!
ResponderExcluirMe chamo Matheus Prestes e passei aqui no seu blog e me chamou a atenção pois tem muito a ver com a palestra que faço. Tem alguma forma de eu falar contigo? Gostaria de trocar umas palavras.
Grato.
Olá Matheus, obrigada pelo contato! Vou te localizar no Face, abs
ExcluirMe busque na Face para nos falarmos.
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