Estarei ausente nos próximos 15 dias, portando não acessarei o blog nesse período. Recebo vários e-mails diariamente e faço questão de responder o quanto antes. Então se a reposta não chegar, será por este motivo. Estamos saindo de férias em família... Vamos para Toronto, Canadá visitar minha prima Liliane que não vemos a 14 anos. Já mencionei sobre ela aqui no blog... Faz 1 ano e meio que ficou viúva, aos 35 anos, pois o esposo (primo Ed) faleceu vítima de um tumor cerebral denominado Glioblastoma Multiforme... Um tumor da mesma linhagem que o do Vitor, só que de grau IV, que é mais rápido e agressivo. Vamos conhecer também seus filhinhos de 5 e 10 anos...
Recebemos um convite para compartilhar nossa experiência num programa de TV religioso chamado "Está Escrito", com alcance em todo o Canadá, mas ainda não sabemos se dará certo, pois o estúdio de gravação estará disponível somente entre os dias 10 e 13 de julho e nosso retorno é dia 10 bem de manhã...
Vamos também visitar Niagara Falls e depois passar para o lado americano e conhecer Cleveland, Chicago, Berrien Springs, Battle Creek e Detróit.
Fiquem todos com Deus!
grande abraço
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Caíque: vivendo pela fé e dependência de Deus
Já relatei aqui um pouco da história do Caique, um lindo e amável garotinho atualmente com 3 anos e 4 meses, mas que desde 1
aninho de vida já enfrenta desafios gigantes. A aproximadamente 2 anos foi diagnosticado
com um tumor cerebral enorme, do grupo dos gliomas, denominado Ependimoma. Foi operado pelo mesmo
neurocirurgião que operou meu filho Vitor e também acompanhado pela mesma
equipe neuro-oncológica do GRAACC... Na cirurgia na ocasião do diagnóstico, também não foi
possível remover todo o tumor, por estar em região inacessível, no tronco
cerebral e foi indicado quimioterapia, mas não houve a resposta esperada. Em
maio do ano passado, uma ressonância magnética constatou que o tumor voltou a
crescer e desta vez para uma região de
acesso cirúrgico ainda mais difícil. Como apresentou pressão intra-craniana,
teve que ser operado para colocação de válvula também do lado esquerdo do
cérebro, pois a do lado direito não estava dando conta. No fim de junho de
2012, precisou ser submetido a outra cirurgia, desta vez para “aliviar” a lesão
tumoral, pois os médicos já sabiam que não seria possível retirar o tumor sem
causar danos irreversíveis. Teve algumas complicações, inclusive meningite. Dia
12/07, mais uma cirurgia, para fazer a troca da DVE (um dreno externo que usou
desde a cirurgia), pois a bactéria que causa a meningite estava difícil de ser
eliminada. Após 35 dias de hospital, teve alta e junto com a alta, catapora.
Mas com a graça de Deus recuperou-se com sucesso.
No dia 22 de agosto, iniciou um novo
protocolo de quimioterapia, mas infelizmente não houve a resposta esperada e o
tumor continuou crescendo... Em meados de janeiro de 2013, o tumor havia
crescido a tal ponto, que os médicos avisaram que nada mais poderia ser feito, e
que o estágio final da doença havia chegado. Foram dias muito difíceis, mas
Deus em nenhum momento desamparou esta família querida.
Diante dessa perspectiva médica, seus pais
decidiram suspender a radio e a quimio que vinha fazendo e sob orientação de
um médico naturalista dos Estados Unidos, passaram a realizar um tratamento
natural recomendado por ele. Um dia depois de iniciado esse tratamento, o Caíque
parou de andar... Alguns dias depois, começou a se queixar de dores e seus pais
o levaram ao GRAACC. Chegando lá, foi constatado que estava com
pressão intracraniana aguda e a cirurgia foi imediatamente descartada, pois seu
cérebro já fora muito manipulado, devido às várias cirurgias anteriores. O
exame de tomografia computadorizada indicou que não havia possibilidade de
reversão e então veio a pior notícia de todas: seria questão de horas para
entrar em coma, morte cerebral e parada cardio-respiratória.
Uma grande corrente de orações se intensificou
e todos juntos clamamos a Deus por um milagre na vida do Caíque. Sabendo que
seria apenas questão de horas, o GRAACC providenciou que ficasse sozinho no
quarto, para que os pais pudessem se despedir do filho e então as visitas foram
liberadas. Conheço muito bem o GRAACC e sei que procedimentos assim, somente em
instância extrema. Na ocasião fomos visitá-los, eu e meu esposo
Fernando tivemos a oportunidade de estar um pouco de tempo com o Caíque, o papai Luciano e a mamãe Patrícia. Oramos e clamamos a Deus juntos e pudemos sentir a paz, a serenidade
e o conforto que só Ele pode dar, presentes
no coração daqueles pais. Em momento algum os vi desesperados. Eles tem convicção que
podem contar com Aquele que sabe de todas as coisas.
Relembrando: na internação a médica plantonista disse
que pelo quadro, o Caíque teria entre 4 e 6 horas de vida... Após 2 dias,
continuava resistindo, causando grande surpresa a todos no hospital.
A seguir
palavras do Luciano, pai do Caíque, no dia 05/02/2013: “Na sexta-feira, vieram
para introduzir a morfina e induzí-lo ao rebaixamento, porém dissemos à médica
que não aplicasse, pois oraríamos ao Senhor e se o Caíque manifestasse dor, aí
consentiríamos. A médica nos disse: Vocês tem certeza, pois vai aumentar o
sofrimento e como já dissemos, não há volta. Assim fizemos, e na hora do por do
sol na sexta-feira, como nosso costume de pararmos tudo no dia de sábado para
adorar ao nosso Deus, Ele nos deu a benção do Caíque acordar e estar
consciente. A médica voltou no sábado pela manhã, ao entrar no quarto deu um
pulo pra traz e disse: acordado e consciente, como? Dissemos a ela: Esse é o
Deus que acreditamos, e é nEle que esperamos... O Caíque perdeu o acesso e após
5 tentativas, não acharam veia para introduzir o soro e queriam levá-lo a
cirurgia para colocação de catéter, uma vez que ele não se alimentava, pedimos
também para esperarem e que oraríamos a Deus, e Ele decidiria por nós. A
enfermeira olhou com um certo descaso pela sua fisionomia, mas ao orarmos, o Caíque
comeu 3 bananas nanicas e ao entrar no quarto, ela tomou outro susto e pasma
pediu o cancelamento da colocação do catéter... Esse resultado é devido as orações,
que intercedem por nós o tempo todo e mesmo eu e minha família não sendo
merecedores, o Senhor nos ajuda nesses momentos. Hoje os médicos falaram que
vão reduzir os medicamentos e ver como ele se comporta...”
Relato do dia 14/02: “Ontem nosso filho
Caíque recebeu alta hospitalar! Glórias a Deus, tão somente a Deus por isto! O
quadro continua grave, de acordo com os médicos. A oncologista nos disse que
ele está indo pra casa pra ficar mais um pouquinho com a gente.... Quando
chegamos com ele há exatamente duas semanas atrás, nos deram “horas” para que
ele entrasse em coma, e em seguida tivesse parada respiratória. Para a surpresa
de todo o “staff” do hospital, isto não aconteceu, e depois de alguns dias,
foram reduzindo a sedação gradativamente para verem se ele conseguia ficar sem
ela, pra poder ir para casa. E glorificamos o nome de Deus pois Ele nos
permitiu esta graça! Agora, que estamos em casa, já retomamos o tratamento
natural, sempre orando pra que Deus continue Sua obra, e pedimos que todos
continuem intercedendo pelo Caíque para que em tudo seja manifesta a glória e
misericórdia Divina! Somos muito gratos ao GRAACC que nos ofereceu todo o
amparo neste momento crítico; gratos à todos pelas orações, mensagens de fé e
esperança e por todo carinho!!! Até aqui nos ajudou o Senhor, e continuamos
confiando que Ele sempre opera em favor dos seus filhos! Muita oração, muito
poder! “
Relato da Patrícia em 18/02/2013: "Estamos em casa há 6 dias, após alta
hospitalar com nosso amado Caíque. Ele continua estável, e estamos em intenso tratamento natural com ele. Gostaria
de colocar qual é o estado clínico dele no momento. Devido à lesão, ele perdeu
todo o equilíbrio do pescoço para baixo e também não fala, devido ao
comprometimento. Mas, pela graça de Deus, está sem dores e apresenta um humor
muito bom, sorrindo e até dando gargalhadas em alguns momentos! As orações de todos vêm nos alimentando e sustentando a cada dia e cada minuto! Ontem meu esposo leu um trecho da Bíblia que parece ter sido escrito só para
nós e gostaríamos muito de dividi-lo com
vocês! Onde está escrito “Província da Ásia”, por favor, substituam por
“Hospital GRAACC”, e vocês irão se arrepiar com o carinho de Deus ao enviar
este trecho tão maravilhoso:
“Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Os sofrimentos que suportamos foram tão grandes e tão duros, que já não tínhamos mais esperança de escapar de lá com vida. Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso aconteceu para que aprendêssemos a confiar não em nós mesmos e sim em DEUS, que ressuscita os mortos. Ele nos salvou e continuará a nos salvar desses terríveis perigos de morte. Sim, nós temos posto nEle a nossa esperança, na certeza de que Ele continuará a nos salvar, enquanto vocês nos ajudam, orando por nós. Assim Deus responderá às muitas orações feitas em nosso favor e nos abençoará; e muitos lhe agradecerão as bênçãos que Ele nos dará”. II Corintios 1: 8-11.
Queridos, vocês percebem a importância da oração intercessória???? Deus já fez muito e temos certeza que ainda quer fazer mais... confiamos na Sua misericórdia e poder, e em tudo damos graças à Ele! Que o nome de Deus seja engrandecido em todos os momentos!"
“Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Os sofrimentos que suportamos foram tão grandes e tão duros, que já não tínhamos mais esperança de escapar de lá com vida. Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso aconteceu para que aprendêssemos a confiar não em nós mesmos e sim em DEUS, que ressuscita os mortos. Ele nos salvou e continuará a nos salvar desses terríveis perigos de morte. Sim, nós temos posto nEle a nossa esperança, na certeza de que Ele continuará a nos salvar, enquanto vocês nos ajudam, orando por nós. Assim Deus responderá às muitas orações feitas em nosso favor e nos abençoará; e muitos lhe agradecerão as bênçãos que Ele nos dará”. II Corintios 1: 8-11.
Queridos, vocês percebem a importância da oração intercessória???? Deus já fez muito e temos certeza que ainda quer fazer mais... confiamos na Sua misericórdia e poder, e em tudo damos graças à Ele! Que o nome de Deus seja engrandecido em todos os momentos!"
Relato do dia 10/04/2013: "O Caíque tem mantido um quadro de certa
estabilidade, mas dorme muito durante o dia. Ele tem se alimentado via
oral (o que os médicos não conseguem explicar devido ao quadro dele), fato que
agradecemos sempre a Deus, pois esta é a parte principal do tratamento
(alimentação crudívera). Temos travado uma batalha bem intensa,
espiritualmente, psicologicamente e fisicamente falando, mas temos muito o que
agradecer a Deus, pois nos últimos dias, o Caíque começou pela primeira vez a
mostrar alguns sinais de evolução (alguns movimentos de braço e perna
voluntários). Queridos, pedimos que não deixem de orar por nós, para que tenhamos forças dos
Céus para fazer a nossa pequenina parte. E temos sempre suplicado a Deus que
Ele venha intervir, como já tem feito desde sempre, para que o Caíque possa dia
a dia estar nas mãos do Pai todo poderoso!
Estamos neste momento em fase de redução de uma das medicações, o que requer
muita observação do quadro clínico; por favor, intensifiquem suas orações neste
sentido, pois dependemos completamente da misericórdia de Deus para que ocorra
esta redução, mantendo o conforto do nosso amado Caíque!"
14/06/2013 – notícias recentes, após quase
5 meses ter sido desenganado pelos médicos...
“Há mais de dois meses atrás pedi que
orassem pela redução de uma medicação que ele faz uso, pois é ela que controla
os espasmos que ele tem. Pela graça de Deus quero compartilhar que Ele nos
permitiu até aqui que reduzíssemos já 90% desta medicação... Louvado seja o
nome dEle por isto!!!! Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas não
temos como não enxergar que nosso Poderoso Deus está agindo com Sua eterna
misericórdia!!! Continuamos contando com as orações intensivas de todos vocês que tanto nos tem
demonstrado carinho e amor!!!"
"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de Ti, que trabalha para aquele que nEle espera." (Isaías 64:4)
"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de Ti, que trabalha para aquele que nEle espera." (Isaías 64:4)
Amigos, confesso que fiquei muito
emocionada ao fazer esta postagem. Conheço essa família pessoalmente e sei que
têm vivido exclusivamente pela fé. Conversar com eles é confortante e todos em
sua volta notam isso. Em momento algum os vi blasfemar ou duvidar do poder e
amor de Deus. Todo momento glorificam e exaltam o nome dAquele que está no
controle de tudo e jamais os desamparou.
O grande segredo é apegar-se às promessas
dAquele que não falha. Abaixo, uma pequena amostra do que tem trazido conforto
e refrigério ao coração desses pais:
“Uma das melhores coisas na vida do cristão
é que podemos crer que Deus está no controle, que Ele não comete erros. Podemos
não entender por que acontecem algumas coisas em nossa vida, mas é maravilhoso
sermos capazes de entregá-las a Deus. Um dia, saberemos o fim da história.
Mas, por enquanto, incentivo-o a colocar a vida nas mãos de Deus hoje, pois Ele
tem o mundo todo nas mãos – incluindo a você e a mim.”
.
"O fato de
ser-nos pedido que suportemos aflições, prova que o Senhor Jesus vê em nós
alguma coisa muito preciosa, que quer desenvolver. Se
não visse em nós coisa alguma pela qual pudesse glorificar Seu nome, não
gastaria tempo em refinar-nos. Cristo não lança em Sua fornalha pedras sem
valor. É o minério valioso o que Ele prova." - E.W.
"Ande pela fé, não pelo que você vê. À medida que você caminha pela fé, dependendo de Mim, eu te mostrarei o quanto Eu posso fazer por você. Se você vive sua vida com muita segurança, nunca conhecerá a emoção de Me ver trabalhar através de você. Quando Eu te dei o meu Espírito, Eu o habilitei a viver além da sua capacidade natural e força. É por isso que é tão errado medir seu nível de energia contra os desafios à sua frente. A questão não é a sua força, mas a Minha força, que é ilimitada. Ao caminhar perto de mim, você pode realizar meus objetivos na minha força." - Porque andamos por fé e não pelo que vemos II Corintios 5:7
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Vendo as fotos da mamãe grávida... Desde sempre sabe que é muito amado! |
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A mamãe é pianista e coordenadora numa escola de música. O filhinho seguiu seus passos... |
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Dia que o Caíque conheceu o Vitor e a Lana... |
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Sou muito amado, por isso sou feliz! |
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Família muito especial! Oro todos os dias por vocês... |
Postagens relacionadas:
26 ABR 2012 - Conhecendo o Caíque e sua família
http://jornadacontraocancer.blogspot.com.br/2012/05/28-abr-2012-conhecendo-o-guerreiro.html
JUN 2012 - Câncer, doença traiçoeira
http://jornadacontraocancer.blogspot.com.br/2012/06/cancer-doenca-traicoeira.html
26 ABR 2012 - Conhecendo o Caíque e sua família
http://jornadacontraocancer.blogspot.com.br/2012/05/28-abr-2012-conhecendo-o-guerreiro.html
JUN 2012 - Câncer, doença traiçoeira
http://jornadacontraocancer.blogspot.com.br/2012/06/cancer-doenca-traicoeira.html
terça-feira, 25 de junho de 2013
Força, Oscar Schimidt!
No mês passado o Brasil inteiro ficou
triste ao saber que o grande ex jogador de basquete, Oscar Schimidt, teve recidiva do tumor cerebral operado dois anos antes. O tipo
de tumor é um glioma, que acomete células da glia, que dão sustentação aos
neurônios. Os gliomas subdividem em: astrocitomas, ependimomas, oligodendrogliomas ou mistos. Meu filho Vitor
também é portador de um glioma, no caso Astrocitoma.
Abaixo, uma matéria esclarecedora publicada
no Portal Terra.
=================================================
Entenda a luta de Oscar Schmidt contra tumor no cérebro
Especialistas explicam o desenvolvimento da doença e as formas de tratamento
Na noite desta terça-feira (28), Oscar
Schmidt participou de um evento em São Paulo e falou sobre a cirurgia pela
qual passou para a retirada de um tumor no cérebro. O ex-jogador de basquete
foi diagnosticado com um tumor benigno em 2011 e realizou uma primeira operação
na época. Porém, precisou passar por um novo procedimento no dia 30 de abril
deste ano. Segundo Oscar “apareceu um negocinho” que precisou ser retirado.
“Tumores nem sempre voltam do mesmo jeito. Em geral, eles mudam de
característica e tendem a ser mais agressivos”, explica o oncologista Artur
Malzyner, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Clínica de Oncologia
Médica.
Segundo o oncologista Claudio Calazan, do
Centro Oncológico de Niterói, é difícil falar em tumor benigno na região do
cérebro. “Há tumores com espectro bem diferenciado, localizados e com
crescimento mais lento, que são pouco agressivos, que são de grau 1. Já os de
grau 2 são um pouco mais agressivos, tendo uma taxa maior de invasão no tecido
saudável e costumam reincidir. Nos casos de grau 3 já é necessário o
tratamento complementar, além da cirurgia, pois há uma malignidade maior.
Finalmente, o tumor de grau 4, conhecido como glioblastoma multiforme, se
espalha rapidamente, invadindo estruturas saudáveis e causando inflamações”,
explica.
Segundo Artur, entre os tumores de baixo
grau (1 e 2), o índice de retorno é entre 30% e 50%, mesmo quando o problema é
corretamente tratado. Já em casos de alto grau (3 e 4) a probabilidade de
reaparição do tumor é muito grande, chegando a quase 100%. “Tumor no cérebro
não é uma sentença de morte. Porém, é importante que o paciente saiba que,
mesmo com a remoção completa, ele pode voltar a aparecer. Isso normalmente
acontece em um período médio de até três anos”, diz Claudio.
Felizmente, os tumores no sistema nervoso
central são raros. “Enquanto os tipos de câncer mais comuns na população, como
o de mama, de intestino e de pulmão, aparecem em de 50 a 100 pessoas a cada 100
mil ao ano, o de cérebro surge em apenas cinco a cada 100 mil ao ano”, afirma
Artur.
Características da doença
Os tumores na região do cérebro costumam ser perigosos devido à restrição de espaço. “Um nódulo de poucos centímetros, que não traria grandes transtornos em outras localidades, ganha importância no cérebro. Do ponto de vista clínico, mesmo os tumores de baixo grau são complicados, pois não há espaço para crescimento. A caixa craniana é compacta e o cérebro está envolvido por um invólucro e líquido. Então, o tumor aumenta a pressão causando dor e prejudicando comandos neurológicos”, diz Artur.
Os tumores na região do cérebro costumam ser perigosos devido à restrição de espaço. “Um nódulo de poucos centímetros, que não traria grandes transtornos em outras localidades, ganha importância no cérebro. Do ponto de vista clínico, mesmo os tumores de baixo grau são complicados, pois não há espaço para crescimento. A caixa craniana é compacta e o cérebro está envolvido por um invólucro e líquido. Então, o tumor aumenta a pressão causando dor e prejudicando comandos neurológicos”, diz Artur.
Entre os principais sintomas estão dor de
cabeça, possíveis convulsões e problemas em algumas funções como visão, audição
e coordenação motora, dependendo do local onde o tumor está localizado. Segundo
Claudio, os dois picos principais do aparecimento da doença são na infância, em
crianças de até 5 anos, e entre idosos, após 65 anos. Porém, os tumores têm
características diferentes em cada fase.
O tumor de cérebro normalmente aparece de
forma aleatória, não tendo muitos fatores que podem potencializar os riscos de
seu aparecimento. Segundo Artur, existe certa relação com o histórico familiar
em alguns casos, assim como a exposição à raio X e também uma pequena
fração vinculada ao uso de aparelhos celulares, porém os dados em relação a isso
ainda são pouco consistentes. “A discussão em relação aos celulares ainda está
em aberto. Também pode haver uma relação com alguns agentes químicos e campos
eletromagnéticos, mas ainda há poucas evidências. O que sabemos é que exposição
à radiação durante a infância, como uma radioterapia para o tratamento de outro
tipo de câncer, está vinculada a um risco maior de tumores no cérebro no
futuro”, afirma Claudio.
Tratamento
Após o diagnóstico o primeiro passo é a cirurgia de remoção do tumor. “Isso normalmente é indicado em todos os casos. O neurocirurgião sempre tenta retirar o máximo de tecido do tumor. A cirurgia também é necessária para que o médico reconheça microscopicamente o tumor para saber seu grau”, explica Artur. Segundo Claudio, essa é uma operação delicada e muitas vezes não é possível retirar completamente o tumor por estar localizado em uma área de difícil acesso ou por já ter invadido estruturas importantes do cérebro.
Após o diagnóstico o primeiro passo é a cirurgia de remoção do tumor. “Isso normalmente é indicado em todos os casos. O neurocirurgião sempre tenta retirar o máximo de tecido do tumor. A cirurgia também é necessária para que o médico reconheça microscopicamente o tumor para saber seu grau”, explica Artur. Segundo Claudio, essa é uma operação delicada e muitas vezes não é possível retirar completamente o tumor por estar localizado em uma área de difícil acesso ou por já ter invadido estruturas importantes do cérebro.
De acordo com Artur, em casos de tumor de
baixo grau com retirada completa por cirurgia, o tratamento pode ser encerrado
já nessa primeira etapa. Já em casos de alto grau, o ideal é passar para o uso
de quimioterapia combinada a radioterapia, o que, segundo Claudio, é essencial
para trabalhar na diminuição e controle do resquício de tumor para retardar seu
crescimento. “Usar os dois tratamentos ao mesmo tempo tem mostrado melhores
resultados. Os tumores de graus 3 e 4 são mais sensíveis a essas terapias. Por
isso, para os de baixo grau só é utilizada se o tumor não for retirado completamente”,
defende Artur.
Apesar de mais sensíveis à radioterapia, os
tumores mais agressivos são difíceis de combater, pois possuem um alto grau de
mutação. “Supondo que você consiga destruir 90% do tumor, esses 10% restantes
são os mais resistentes à radiação. Em cerca de seis ou nove meses, esse tumor
tende a crescer a partir dessa sobra, sendo agora muito mais resistente”,
explica Claudio. Segundo ele, o volume tumoral que fica tem relação direta com
o prognóstico.
Depois 4 a 6 semanas do início do tratamento
com quimioterapia e/ou radioterapia, é preciso fazer um exame de imagem para
avaliar a evolução do tumor. “A ressonância magnética é o exame mais indicado
para isso”, aponta Claudio. O acompanhamento com novas consultas e exames deve
ser feito a cada três meses. Segundo ele, com resultados bons, o especialista
pode passar para avaliações semestrais que devem durar pelo menos 5 anos,
mantendo certo acompanhamento até 10 anos.
Sobrevida
Segundo os especialistas, a sobrevida média em casos de tumor de baixo grau é de 3 a 10 anos, enquanto em casos de tumores mais agressivos a média é de 10 a 20 meses. “É claro que sempre há pessoas que se curam, mas infelizmente o nível de sobrevivência a esse tipo de câncer ainda é baixo, cerca de 5%”, informa Artur.
Segundo os especialistas, a sobrevida média em casos de tumor de baixo grau é de 3 a 10 anos, enquanto em casos de tumores mais agressivos a média é de 10 a 20 meses. “É claro que sempre há pessoas que se curam, mas infelizmente o nível de sobrevivência a esse tipo de câncer ainda é baixo, cerca de 5%”, informa Artur.
A questão principal é manter a qualidade de
vida e a força de vontade para encarar a luta contra a doença. “Cada vez mais a
medicina consegue encontrar soluções engenhosas para problemas de saúde. A
ciência hoje em dia se desenvolve muito rápido e está sempre revelando novas
possibilidades. Por isso, ganhar tempo é essencial. Enquanto houver vida, há
esperança”, defende o especialista.
Link da matéria:
Dia das mães 2013
Meu dia das mães foi muito especial. Não há presente maior neste mundo do que ver nossos filhos bem.
Deus me presenteou com 3 joias preciosas: o Bruno, meu primogênito, o Davi e o caçula, Vitor. Eles são bem diferentes um do outro, pois cada um tem suas características individuas, que os torna únicos e especiais.
Ganhei deles uma cardigan verde, super bonita e também um livro de estética natural, além de uma pantufa super fofa.
Além desses presentes maravilhosos, fui homenageada pelo Vitor, com uma declaração em público na igreja, num momento em que foram feitas homenagens a todas as mais presentes. A ideia foi da minha amiga Sara, que também foi professora dele, que conseguiu convencê-lo a driblar a grande dificuldade que ele tem com relação à fala diante de pessoas fora do convívio familiar (Mutismo Seletivo).
Claro que quase desmaiei quando vi, e as lágrimas correram soltas.
O "texto" que ele falou foi assim: " Obrigado mãe por ser como você é: determinada e extremamente inteligente. Deus já sabia que eu iria passar por momentos difíceis, que não iria ser fácil. Mas, antes de tudo Ele criou você. Cuida de tudo! Alimentação, sucos, medicações e o mais gostoso: o carinho e a confiança em Deus. Espero um dia poder retribuir o que faz por mim. Amo-te sempre"
Tem como aguentar isso?
Obrigada, meus filhos amados por serem exatamente como são... Amo vocês demais!
Deus me presenteou com 3 joias preciosas: o Bruno, meu primogênito, o Davi e o caçula, Vitor. Eles são bem diferentes um do outro, pois cada um tem suas características individuas, que os torna únicos e especiais.
Ganhei deles uma cardigan verde, super bonita e também um livro de estética natural, além de uma pantufa super fofa.
Além desses presentes maravilhosos, fui homenageada pelo Vitor, com uma declaração em público na igreja, num momento em que foram feitas homenagens a todas as mais presentes. A ideia foi da minha amiga Sara, que também foi professora dele, que conseguiu convencê-lo a driblar a grande dificuldade que ele tem com relação à fala diante de pessoas fora do convívio familiar (Mutismo Seletivo).
Claro que quase desmaiei quando vi, e as lágrimas correram soltas.
O "texto" que ele falou foi assim: " Obrigado mãe por ser como você é: determinada e extremamente inteligente. Deus já sabia que eu iria passar por momentos difíceis, que não iria ser fácil. Mas, antes de tudo Ele criou você. Cuida de tudo! Alimentação, sucos, medicações e o mais gostoso: o carinho e a confiança em Deus. Espero um dia poder retribuir o que faz por mim. Amo-te sempre"
Tem como aguentar isso?
Obrigada, meus filhos amados por serem exatamente como são... Amo vocês demais!
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Vitor fazendo a homenagem no dia das mães |
Melatonina e Câncer
Na postagem anterior relatei a experiência do Dr.Ben Williams, o médico americano sobrevivente a mais de 18 anos de um terrível tumor cerebral denominado Glioblastoma Multiforme. Ele pesquisou e aliou ao tratamento convencional estratégias complementares, como o consumo de alguns alimentos chave, como brócolis, frutas vermelhas, cebolas, produtos de soja, chá verde, etc, além de alguns suplementos, dentre estes a melatonina, que é um hormônio que influencia a regulação do sono, dentre outras funções também e é produzido naturalmente pelo organismo quando anoitece, em resposta ao escuro da noite. Mas muitas pessoas, por diversos motivos, não tem a produção necessária e vários estudos demonstraram a estreita relação entre a "baixa" de melatonina e diversas doenças, estre elas o câncer. No Brasil, a venda de melatonina é proibida... Muitos médicos não sabem explicar por que, tendo em vista que muitos outros remédios potencialmente perigosos e com risco de efeitos colaterais graves são vendidos livremente. Nos Estados Unidos e Europa, muitos remédios vendidos livremente no Brasil são proibidos, mas a melatonina não é proibido e custa muito barato, sendo possível encontrar em lojas de conveniência ou supermercados. Na Europa, alguns pediatras prescrevem para bebês acima de 6 meses. Meu filho Vitor faz uso, mas não constante como acredito que deveria ser. Eu também uso eventualmente e jamais sentimos qualquer efeito colateral. Como não tem no Brasil, compramos no exterior...
Bom, abaixo uma Revisão de Literatura sobre Melatonina e Câncer, que foi publicada na Revista Brasileira de Cancerologia em 2005, cujos autores são Júlio Anselmo Sousa Neto, professor Doutor Adjunto de Neuroanatomia do departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e Paulo Mallard Scaldaferri, na época acadêmico do quinto ano do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, bolsista do Projeto de Iniciação à Docência do departamento de Morfologia do ICB/UFMG.
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Bom, abaixo uma Revisão de Literatura sobre Melatonina e Câncer, que foi publicada na Revista Brasileira de Cancerologia em 2005, cujos autores são Júlio Anselmo Sousa Neto, professor Doutor Adjunto de Neuroanatomia do departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e Paulo Mallard Scaldaferri, na época acadêmico do quinto ano do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, bolsista do Projeto de Iniciação à Docência do departamento de Morfologia do ICB/UFMG.
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Melatonina e câncer - revisão da literatura
Melatonin and cancer - a review of the literature
Resumo
Este trabalho apresenta uma revisão da literatura das
três últimas décadas sobre o papel da melatonina (MEL) na etiopatogenia e no tratamento do câncer. Os principais
mecanismos de ação da MEL envolvem a regulação imunológica, efeitos bioquímicos e metabólicos. São
relatados estudos in vitro e in vivo, inclusive em humanos com neoplasias malignas avançadas e/ou metastáticas,
como tumores de mama, próstata, pulmonar, gástrico, hepático, ovariano e de intestino. Duas ações
benéficas da MEL no tratamento do câncer são aparentemente
importantes: a oncostática e a protetora contra os
efeitos adversos da quimioterapia (mielossupressores, neurotóxicos e hematológicos). A MEL também passou a ser utilizada
em uma nova modalidade de terapia oncológica, a imunoterapia, na década de 1990 para tratar pacientes
com câncer de pulmão de células não-pequenas.
Palavras-chave: Melatonina; Neoplasias; Imunoterapia; Glândula
pineal.
Abstract
This paper is a literature review of the three last
decades about the role of melatonin (MEL) in the pathogenesis and
treatment of cancer. MEL's major mechanisms of action
involve immunologic regulation, biochemical and metabolic effects. In vitro and in vivo studies
are described, including some in humans with advanced or metastatic cancer (breast, prostatic, pulmonary, gastric, hepatic,
ovarian and intestinal tumors). MEL has two particularly important actions: oncostatic and protective against the main
adverse effects of chemotheraphy (myelodisplastic, neurotoxicand hematologic). MEL was first used as a new type of
oncologic therapy, the immunotherapy, in the 1990s to treat patients with non-small cell lung cancer.
Key
words: Melatonin;
Neoplasms; Immunotherapy; Pineal gland.
INTRODUÇÃO
A melatonina (MEL) é o principal hormônio da glândula pineal. Foi isolada pela primeira vez em 19581. Ela é produzida e secretada, principalmente, pelos pinealócitos da glândula pineal, segundo um padrão rítmico, com pico secretório no período noturno e quase nenhuma síntese no período diurno. Após a pinealectomia, a MEL ainda pode ser detectada no plasma, na urina e no hipotálamo, persistindo o seu ritmo de secreção, porém, com redução de amplitude dos níveis séricos. Além da glândula pineal, a MEL já foi isolada na retina, em células do trato gastrintestinal, hemácias humanas, dentre outros.
Existe uma única via neural que regula a atividade metabólica da pineal, com origem nos fotorreceptores da retina e projeção ao núcleo supraquiasmático do hipotálamo. Este inerva a pineal através de fibras que fazem parte do sistema nervoso autônomo simpático. O núcleo supraquiasmático é considerado o relógio biológico do homem, e as projeções retino-hipotalâmicas que chegam a ele fazem a interação entre o ambiente cíclico externo e o relógio interno.
A biossíntese da MEL nos pinealócitos utiliza o aminoácido triptofano, pouco abundante em dietas regulares. Pela ação da enzima hidroxilase, o triptofano é convertido em 5-hidroxitriptofano que, pela ação de uma descarboxilase, origina a serotonina (5-hidroxitriptamina). As concentrações de serotonina são elevadas na pineal e sua conversão em MEL envolve duas enzimas principais: a N-Acetil-Transferase (NAT) e a Hidroxi-Indol-Orto-Metil-Transferase (HIOMT). A primeira converte a serotonina em N-acetilserotonina e a segunda transfere um grupo metil da S-adenosil-metionina para a N-acetilserotonina, originando a 5-metoxi-triptamina (MEL).
Através da regulação do ritmo circadiano, a secreção de MEL está intimamente sincronizada com o período de sono. A ingestão ou inalação de MEL aumenta a propensão ao sono, a qualidade do sono e a duração do REM (sono de movimentos oculares rápidos ou sono paradoxal).
Alguns achados de puberdade precoce associada a baixos níveis de MEL e de hipogonadismo associado a níveis altos da mesma dão suporte à hipótese de que a MEL tem um papel na regulação da puberdade.
Há evidências de que a pineal afete o sistema imunológico. A pinealectomia diminui a resposta primária de produção de anticorpos e aumenta a resposta secundária. O timo responde à pinealectomia com aumento no peso e diminuição do número de mastócitos.
O hormônio tem efeitos atenuadores da lesão celular induzida por radicais livres, devido à sua capacidade de
reagir com radicais hidroxila (OH-) para formar (in vitro e in vivo) a 3-hidroximelatonina cíclica (3-OHM), metabólito estável da MEL. O 3-OHM é, inclusive, um bom marcador biológico da produção de OH- in vivo.
Na década de 1970, estudos demonstraram possíveis efeitos antimitóticos da MEL. Banerjee et al. demonstraram que ela exercia um efeito similar ao da colchicina. Em seguida, outros estudos confirmaram o achado e demonstrou-se que a MEL interagia com os microtúbulos e que era capaz de inibir a mitose em três diferentes linhagens de células. Suspeitou-se, assim, que ela poderia exercer alguma atividade antineoplásica.
Grande número de estudos foi, então, realizado sobre o papel da MEL em diversos tipos de câncer, principalmente na última década. Já foi sugerido até mesmo que a presença global de luz artificial à noite deve ter implicações no aumento dos casos de câncer. Novas pesquisas com a MEL podem abrir portas de uma nova era da terapêutica oncológica: a imunoterapia.
MELATONINA E CÂNCER
Histórico
As primeiras correlações entre a pineal e o combate ao câncer datam do final do século XIX33, quando alguns
médicos já ofereciam extratos de pineal a seus pacientes oncológicos. Em estudo pioneiro realizado em 198134, foi injetado o DMBA (dimetil-benzo-antraceno), substância que estimula o aparecimento de câncer de mama, em um grupo de ratas divididas em um grupo que receberia a MEL e outro não. Ao fim de noventa dias, 50% das ratas que não receberam MEL apresentaram tumores, ao passo que nenhuma rata que recebeu o hormônio desenvolveu tumores. Cessada a administração de MEL ao grupo tratado, 20% dos animais apresentaram tumores.
Foi observada a redução de 31% da MEL na urina de mulheres com câncer de mama, além da redução do pico noturno do hormônio em pacientes com esta doença36. Novos estudos demonstraram atividade antimitótica da MEL in vitro. Observou-se crescimento de tumores e tendência à metastatização após a pinealectomia. Em 1987 o primeiro ensaio clínico para avaliação da resposta do hormônio em humanos foi realizado por Lissoni et al., que utilizaram a MEL no tratamento de 20 pacientes com tumores avançados, com resposta positiva em 6 pacientes.
Foi avaliada a resposta ao hormônio em pacientes com cânceres intratáveis pelos métodos convencionais, constatando-se que os níveis da MEL estavam uma ação predominantemente oncostática, e alguns autores passaram a estudar seu uso como adjuvante na terapêutica oncológica. O hormônio também se revelou um imunomodulador eficiente na terapêutica associada à IL-2 (interleucina-2), com resultados positivos. A administração de IL2 estimula a destruição plaquetária, através da ativação de macrófagos periféricos e a terapia adjuvante com MEL diminuiu a trombocitopenia iatrogênica.
O período entre o final da década de 90 e o início dos anos 2.000 foi marcado pela tentativa de decifrar o mecanismo de ação através do qual a MEL atuaria sobre a oncogênese, e eles são tratados em maiores
detalhes a seguir.
Possíveis mecanismos de ação da MEL no câncer
A MEL está envolvida na regulação da adaptação à intensidade de luz, das mudanças diárias do ciclo claridade-escuridão e mudanças sazonais. O hormônio exerce seus efeitos através de um grupo de receptores de alta afinidade ligados à proteína G.
Os receptores de MEL ativam segundos mensageiros, (entre os quais destacam-se cAMP (Adenosina-onofosfato-
cíclico), cGMP (Guanosina-mono-fosfatocíclico), diacilglicerol, inositol trifosfato, ácido aracdônico, concentração intracelular de cálcio) cuja ação resulta geralmente em inibição e requer a ativação prévia da célula por um agente estimulante, pois os níveis basais dos segundos mensageiros não são alterados pela MEL. Os mecanismos moleculares de ação da MEL não são claros, mas envolvem, provavelmente, duas vias: uma de inibição da adenil-ciclase e outra de regulação do metabolismo de fosfolipídios e cálcio.
Os receptores de MEL são abundantes na parte tuberal da hipófise, no núcleo supraquiasmático do hipotálamo, na área pré-óptica medial, hipotálamo anterior, nos núcleos ventromedial e dorsomedial do hipotálamo, parte distal da adeno-hipófise, núcleos paraventricular e ventral anterior do tálamo, hipocampo, córtex cerebral, retina, cerebelo, mesencéfalo e ponte. Foram detectados também em outros sítios como nas artérias do círculo arterial do cérebro, no baço e nas células gonadotróficas.
Os efeitos oncostáticos e oncoprotetores da MEL podem estar relacionados às suas propriedades bioquímicas e/ou metabólicas e uma série de estudos foram realizados a fim de desvendar seu mecanismo de ação.
Um mecanismo proposto para a ação oncostática da MEL é a inibição do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), inibindo assim a liberação dos hormônios LH (luteinizante) e FSH (folículoestimulante) e, por conseqüência, reduzindo a produção ovariana de estradiol. Dessa forma se reduz a resposta mitogênica do câncer de mama ao estradiol, o que pode explicar os efeitos protetores da MEL neste tipo de câncer.
A MEL induz um atraso na transição G1/S em linhagens MCF-7 do câncer de mama humano e em células do carcinoma JAr in vitro.
Outra hipótese se relaciona à ação da MEL sobre resposta imunológica inespecífica. Receptores de MEL já foram encontrados em linfócitos T-helper e monócitos. Através da ligação da MEL aos primeiros, há estímulo para a produção de interleucina-4, que aumenta a atividade de outras células da resposta imune. Há estímulo à produção de células "Natural Killer". A MEL inibe a destruição plaquetária mediada por macrófagos, e por isso, é capaz de evitar a trombocitopenia induzida pelo tratamento com interleucina-253 . A produção do fator de necrose tumoral (TNF) é inibida pela MEL, provavelmente por sua atividade antioxidante, o que representa uma proteção em relação ao desenvolvimento do choque endotóxico que pode ser induzido por aquela substância. Outros efeitos metabólicos da MEL já foram sugeridos em situações mais específicas, como a inibição in vivo da captação de ácido linoléico - e conseqüente redução de sua conversão intracelular em um produto mitogênico - em células do hepatoma 7288CTC57.
O complexo processo de carcinogênese ocasionalmente envolve o estresse oxidativo. Estudos comprovaram a atividade antioxidante da MEL. O esquema mais simples de carcinogênese envolve três etapas: iniciação, promoção e progressão; e o estresse oxidativo participa de todas elas. A ação antioxidante da MEL diminui a formação de radicais livres, reduzindo as lesões ao DNA. Com a evolução da idade, os níveis de MEL diminuem, o que pode contribuir para a maior taxa de doenças oncológicas em pacientes mais velhos. Pela ação antioxidante, Vijayalaxmi et al. propuseram que a MEL tem efeito radioprotetor, reduzindo o dano celular causado pela radiação ionizante.
Outro efeito benéfico da MEL é a redução da caquexia que acompanha a maioria das doenças oncológicas avançadas, prevenindo a perda de peso e diminuindo a astenia e os sintomas depressivos. Estes efeitos foram mediados, ao menos em parte, por uma redução na secreção do TNF, cujos níveis foram maiores nos pacientes com doenças malignas do que nos controles.
A MEL interage com os medicamentos utilizados na terapêutica oncológica. Já foi demonstrado que a MEL aumenta a sensibilidade das células ao tamoxifeno, e essa associação pode ser considerada em terapias
refratárias a essa substância. A associação da MEL com a interleucina-2 (IL2) mostrou bons resultados, como o
maior índice de citólise mediada por IL-273-. Quando associadas, a naltrexona, a MEL e a IL-2, foi observado
aumento da linfocitose. A linfocitose é um importante indicador de bom prognóstico do tratamento com IL-
2.
Apesar dos efeitos oncostáticos e oncoprotetores da MEL serem inquestionáveis, os seus mecanismos de ação ainda não estão bem esclarecidos. Há evidências de que ela atue diferentemente em tipos distintos de câncer e, apesar da existência de teorias consistentes, há necessidade de novos estudos para a comprovação dos mecanismos mais importantes em cada caso.
Efeitos da MEL nos diversos tipos de câncer
Câncer de mama
O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres da América do Norte e oeste da Europa. No Brasil, é ultrapassado apenas pelo câncer de pele. Conceitualmente, pode ser classificado desde in situ até o carcinoma invasor. O três principais fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença são: pertencer ao sexo feminino, ter mais de 50 anos e ter história familiar positiva.
O tratamento se baseia no estádio da doença e pode envolver a tumorectomia com radioterapia, mastectomia, administração de drogas como a ciclofosfamida, metotrexato, 5-fluouracil e tamoxifeno em pacientes com receptores de estrogênio positivos. Em geral, associam-se terapias com capecitabina, anticorpo anti-HER-2/ neu, paclitaxel, etc.
O câncer de mama ocupa um papel ímpar na história do uso da MEL, pois os primeiros indícios de que o hormônio poderia ser útil na terapêutica oncológica surgiram no estudo dessa doença, conforme descrito anteriormente.
Cohen et al.foram os primeiros a sugerir que a atividade diminuída da glândula pineal poderia contribuir para a gênese de tumores de mama, por provocar hiperestrogenismo relativo. Essa teoria foi complementada por experimentos in vitro que demonstraram as ações antiproliferativas da MEL sobre células de câncer de mama. A teoria foi corroborada pela descoberta de novos mecanismos de ação da MEL, como suas propriedades antioxidantes e imunomoduladoras. Dessa forma, Cos e Sanchez- Barcelo propuseram que o mecanismo de ação da MEL no câncer de mama envolveria: a ação hormonal, a ação antioxidante e a ação imunomoduladora.
Além do já citado trabalho de adenocarcinoma mamário em ratas induzido por DMBA (dimetilbenzoantraceno), destacam-se outros estudos in vivo, tais como a indução de alterações na função da glândula pineal obtida através de mudança na exposição à luz, a ablação cirúrgica e desnervação, através de gangliectomia cervical superior bilateral. Apesar da grande variação dos resultados dos estudos in vivo, há evidência experimental de que a MEL aumente a latência de tumores de mama e reduza o tamanho de adenocarcinomas mamários, embora existam dúvidas sobre seus mecanismos de ação.
Os efeitos da MEL foram bem estudados in vitro, utilizando a linhagem MCF-7 de células do câncer de mama. Essa linhagem originou-se da efusão pleural de uma mulher com carcinoma de mama metastático e continha receptores de estrogênio e progesterona. A MEL é capaz de inibir a proliferação das células MCF-7 com receptores MT1 (tipo 1 para MEL).
Estudos em humanos demonstraram que os níveis de MEL diminuem cerca de 50% em pacientes com tumores primários de mama em expansão, enquanto, em pacientes com tumores secundários os níveis são semelhantes aos de controles.
Estudos de administração de MEL a pacientes oncológicos sugeriram que 20mg/dia de melatonina oral podem amplificar a resposta terapêutica ao tamoxifeno em mulheres com câncer de mama metastático e induzir a regressão tumoral em pacientes que não respondem ao tamoxifeno isoladamente.
Enfim, o uso da MEL no tratamento do câncer de mama é muito promissor, mas há necessidade de realização de estudos randomizados com maior número de pacientes para que se tornem patentes suas melhores aplicações.
Câncer de Próstata
O câncer de próstata é o mais comum e a segunda principal causa de morte relacionada ao câncer em homens norte-americanos. Sua incidência aumenta com a idade. Autópsias detectaram a doença em cerca de 64% dos homens com 60-70 anos. A doença já foi relacionada a fatores dietéticos, estilo de vida e andrógenos.
O tratamento da doença se baseia no estadiamento TNM (Tumor-Linfonodo-Metástase) da doença e pode envolver a prostatectomia radical, radioterapia, criocirurgia. No caso da doença metastática utiliza-se a terapia de privação androgênica através de administração de agonistas do LHRH (Hormônio Liberador do Hormônio Luteinizante), antiandrogênicos, ou orquiectomia.
Os níveis de MEL demonstraram-se baixos com os ritmos de secreção preservados em pacientes com câncer de próstata. Experimentos in vitro mostraram os efeitos oncostáticos da MEL sobre células das linhagens DU145 e LNCaP do câncer de próstata. O grupo de Sainz evidenciou que a redução significativa da proliferação celular da linhagem LNCaP não dependeu da presença de receptores para androgênios. Xi et al. confirmaram os efeitos da MEL na linhagem de células LNCaP in vivo (camundongos) e o envolvimento dos receptores MT1 em seu mecanismo de ação.
Outro estudo mostrou a queda de 50% dos níveis de PSA em metade dos pacientes tratados com a associação de LHRH e MEL100.
O tratamento com associação de MEL e restrição androgênica pode ser uma boa indicação no câncer de próstata avançado, mas seus estudos são ainda iniciais, aguardando-se resultados mais esclarecedores sobre o assunto.
Cânceres de Pulmão, Gástrico, Hepático e outros tumores
O uso da MEL já foi pesquisado em outras neoplasias, como a de pulmão, estômago e fígado. Houve dificuldades na demonstração dos efeitos benéficos do hormônio nestes primeiros estudos, possivelmente porque a MEL só foi testada em pacientes com doença metastática avançada.
A observação da melhoria da qualidade de vida dos pacientes tratados com a MEL justificou a realização de novos trabalhos. A evolução das pesquisas de Lissoni et al.culminou, em 1994, com o estabelecimento da primeira imunoterapia para câncer com resultados superiores aos da quimioterapia: o estudo envolveu 60 pacientes com câncer avançado de pulmão (câncer pulmonar de células não pequenas); metade recebeu o tratamento convencional, com cisplatina e etoposida; a outra metade foi tratada com IL-2 e MEL; o último grupo obteve melhores resultados, tanto na qualidade de vida, quanto na avaliação da evolução da doença. Ao final de um ano, 45% dos pacientes que receberam imunoterapia estavam vivos, enquanto apenas 19% dos que receberam quimioterapia ainda viviam.
Outro estudo foi realizado com 100 pacientes com câncer metastático pulmonar de células não pequenas, divididos em dois grupos: um recebeu quimioterapia somente com cisplatina e etoposida e o outro com as mesmas drogas associadas à MEL. Nenhum paciente que recebeu exclusivamente a quimioterapia estava vivo após 2 anos de estudo, enquanto a associação de MEL possibilitou a sobrevida de 5 anos de 3 pacientes. Além disso, a quimioterapia foi mais bem tolerada no grupo tratado com a MEL.
Estudos in vitro confirmaram os efeitos oncostáticos da MEL nos seguintes grupos de neoplasias: câncer endometrial, gástrico, de glândulas adrenais, de células renais, do cólon e retais. Pesquisas recentes demonstraram um efeito inibitório da MEL sobre a angiogênese tumoral em pacientes com tumores avançados.
Os efeitos oncostáticos da MEL foram reconhecidos em diversos grupos de neoplasias, com atenção especial aos pacientes com câncer pulmonar de células não pequenas, possivelmente o primeiro tipo de tumor tratado com imunoterapia ao invés da quimioterapia.
MEL como adjuvante de terapias convencionais
O efeito mais marcante da MEL é sua capacidade de diminuir a inibição de células do sistema imunológico induzida pela quimioterpia. Inicialmente, foi demonstrado que os principais alvos do hormônio eram as células T helper tipo 2 e macrófagos e que o seu nível sérico era elevado pela administração de MEL. Além disso, a MEL aumenta a produção de IL-1, IL-6 e IL- 12 em monócitos.
Callaghan sugeriu que a MEL teria ação farmacológica sobre os mecanismos de estresse e a depressão em pacientes oncológicos. É conhecida a relação entre processos psicológicos e o sistema imunológico. Os efeitos da MEL sobre o sistema imune seriam diretos, pelo estímulo de células imunes e citocinas, e indiretos, através da regulação das alterações psicológicas.
Sainz et al.relataram o efeito inibitório da MEL na apoptose de células imunes e nervosas, na apoptose
neuronal e o estímulo à apoptose de células neoplásicas.
Outro importante efeito da MEL é sua capacidade de diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia oncológica. Estudos posteriores, em humanos, demonstraram que a MEL tem efeito protetor contra as reações adversas da quimioterapia, especialmente os efeitos mielossupressores e neurotóxicos. Em outros estudos preliminares se experimentou o uso da MEL como terapia adjuvante, com alguns resultados positivos. Wilson et al.demonstraram que a potência do tamoxifeno em inibir o crescimento de culturas MCF-7 do câncer de mama humano era ampliada 100 vezes quando ministrado após o uso de concentrações fisiológicas de MEL. Maestroni et al.demonstraram in vitro os efeitos positivos da MEL como estimuladora do crescimento de colônias de macrófagos e granulócitos, reduzindo os efeitos inibitórios do quimioterápico etoposida.
Estudos mais recentes confirmaram os efeitos protetores da MEL. Um deles demonstrou aumento da eficácia do tratamento do câncer colorretal metastático através do uso de MEL associada ao irinotecano. Outra investigação realizada com 20 pacientes com câncer pulmonar metastático, demonstrou melhora da atividade citotóxica contra o câncer e redução da anemia induzida pela cisplatina.
DISCUSSÃO
A utilização da MEL em pacientes oncológicos tem sido muito estudada in vitro e in vivo. Seus mecanismos de ação são hoje melhor compreendidos e envolvem principalmente sua capacidade de estimular a resposta imunológica, mas também estão relacionados à sua atividade bioquímica e metabólica.
Embora as pesquisas demonstrando os efeitos oncostáticos da MEL sejam encorajadoras, o seu uso mais promissor é, sem dúvida, como adjuvante de outras terapias. A maioria dos estudos demonstra melhoria da qualidade de vida, diminuição dos efeitos tóxicos da quimioterapia e potencialização dos efeitos de outras drogas. É necessária a realização de mais estudos para avaliar sua possível superioridade em relação à terapêutica oncológica clássica.
Diferentes tipos de neoplasias respondem diferentemente ao uso da MEL e, em humanos, ela só foi testada em casos de cânceres avançados e/ou metastáticos. O uso da MEL no câncer de mama foi uma das primeiras e mais bem estudadas aplicações terapêuticas do hormônio em pacientes oncológicos e se mostrou muito promissor.
Novos estudos esclarecerão dúvidas sobre os possíveis benefícios do uso da MEL associada à restrição androgênica nos cânceres de próstata. Diversas outras neoplasias já foram tratadas experimentalmente com a
MEL, como os cânceres de pulmão, gástrico e hepático. Os resultados dos últimos estudos de pacientes com câncer pulmonar de células não pequenas demonstraram superioridade do tratamento com a MEL associada à
quimioterapia quando comparada à quimioterapia isolada.
Os efeitos benéficos da MEL sobre a qualidade de vida e protetores em relação aos efeitos adversos dos esquemas de quimioterapia já foram confirmados por sucessivos trabalhos e podem ser considerados com alguma segurança. Os efeitos protetores da MEL não alteram os efeitos terapêuticos dos quimioterápicos e, em vários casos, os potencializam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
São 117 e podem ser verificadas no arquivo completo no endereço:
http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v01/pdf/revisao2.pdf
A MEL está envolvida na regulação da adaptação à intensidade de luz, das mudanças diárias do ciclo claridade-escuridão e mudanças sazonais. O hormônio exerce seus efeitos através de um grupo de receptores de alta afinidade ligados à proteína G.
Os receptores de MEL ativam segundos mensageiros, (entre os quais destacam-se cAMP (Adenosina-onofosfato-
cíclico), cGMP (Guanosina-mono-fosfatocíclico), diacilglicerol, inositol trifosfato, ácido aracdônico, concentração intracelular de cálcio) cuja ação resulta geralmente em inibição e requer a ativação prévia da célula por um agente estimulante, pois os níveis basais dos segundos mensageiros não são alterados pela MEL. Os mecanismos moleculares de ação da MEL não são claros, mas envolvem, provavelmente, duas vias: uma de inibição da adenil-ciclase e outra de regulação do metabolismo de fosfolipídios e cálcio.
Os receptores de MEL são abundantes na parte tuberal da hipófise, no núcleo supraquiasmático do hipotálamo, na área pré-óptica medial, hipotálamo anterior, nos núcleos ventromedial e dorsomedial do hipotálamo, parte distal da adeno-hipófise, núcleos paraventricular e ventral anterior do tálamo, hipocampo, córtex cerebral, retina, cerebelo, mesencéfalo e ponte. Foram detectados também em outros sítios como nas artérias do círculo arterial do cérebro, no baço e nas células gonadotróficas.
Os efeitos oncostáticos e oncoprotetores da MEL podem estar relacionados às suas propriedades bioquímicas e/ou metabólicas e uma série de estudos foram realizados a fim de desvendar seu mecanismo de ação.
Um mecanismo proposto para a ação oncostática da MEL é a inibição do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), inibindo assim a liberação dos hormônios LH (luteinizante) e FSH (folículoestimulante) e, por conseqüência, reduzindo a produção ovariana de estradiol. Dessa forma se reduz a resposta mitogênica do câncer de mama ao estradiol, o que pode explicar os efeitos protetores da MEL neste tipo de câncer.
A MEL induz um atraso na transição G1/S em linhagens MCF-7 do câncer de mama humano e em células do carcinoma JAr in vitro.
Outra hipótese se relaciona à ação da MEL sobre resposta imunológica inespecífica. Receptores de MEL já foram encontrados em linfócitos T-helper e monócitos. Através da ligação da MEL aos primeiros, há estímulo para a produção de interleucina-4, que aumenta a atividade de outras células da resposta imune. Há estímulo à produção de células "Natural Killer". A MEL inibe a destruição plaquetária mediada por macrófagos, e por isso, é capaz de evitar a trombocitopenia induzida pelo tratamento com interleucina-253 . A produção do fator de necrose tumoral (TNF) é inibida pela MEL, provavelmente por sua atividade antioxidante, o que representa uma proteção em relação ao desenvolvimento do choque endotóxico que pode ser induzido por aquela substância. Outros efeitos metabólicos da MEL já foram sugeridos em situações mais específicas, como a inibição in vivo da captação de ácido linoléico - e conseqüente redução de sua conversão intracelular em um produto mitogênico - em células do hepatoma 7288CTC57.
O complexo processo de carcinogênese ocasionalmente envolve o estresse oxidativo. Estudos comprovaram a atividade antioxidante da MEL. O esquema mais simples de carcinogênese envolve três etapas: iniciação, promoção e progressão; e o estresse oxidativo participa de todas elas. A ação antioxidante da MEL diminui a formação de radicais livres, reduzindo as lesões ao DNA. Com a evolução da idade, os níveis de MEL diminuem, o que pode contribuir para a maior taxa de doenças oncológicas em pacientes mais velhos. Pela ação antioxidante, Vijayalaxmi et al. propuseram que a MEL tem efeito radioprotetor, reduzindo o dano celular causado pela radiação ionizante.
Outro efeito benéfico da MEL é a redução da caquexia que acompanha a maioria das doenças oncológicas avançadas, prevenindo a perda de peso e diminuindo a astenia e os sintomas depressivos. Estes efeitos foram mediados, ao menos em parte, por uma redução na secreção do TNF, cujos níveis foram maiores nos pacientes com doenças malignas do que nos controles.
A MEL interage com os medicamentos utilizados na terapêutica oncológica. Já foi demonstrado que a MEL aumenta a sensibilidade das células ao tamoxifeno, e essa associação pode ser considerada em terapias
refratárias a essa substância. A associação da MEL com a interleucina-2 (IL2) mostrou bons resultados, como o
maior índice de citólise mediada por IL-273-. Quando associadas, a naltrexona, a MEL e a IL-2, foi observado
aumento da linfocitose. A linfocitose é um importante indicador de bom prognóstico do tratamento com IL-
2.
Apesar dos efeitos oncostáticos e oncoprotetores da MEL serem inquestionáveis, os seus mecanismos de ação ainda não estão bem esclarecidos. Há evidências de que ela atue diferentemente em tipos distintos de câncer e, apesar da existência de teorias consistentes, há necessidade de novos estudos para a comprovação dos mecanismos mais importantes em cada caso.
Efeitos da MEL nos diversos tipos de câncer
Câncer de mama
O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres da América do Norte e oeste da Europa. No Brasil, é ultrapassado apenas pelo câncer de pele. Conceitualmente, pode ser classificado desde in situ até o carcinoma invasor. O três principais fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença são: pertencer ao sexo feminino, ter mais de 50 anos e ter história familiar positiva.
O tratamento se baseia no estádio da doença e pode envolver a tumorectomia com radioterapia, mastectomia, administração de drogas como a ciclofosfamida, metotrexato, 5-fluouracil e tamoxifeno em pacientes com receptores de estrogênio positivos. Em geral, associam-se terapias com capecitabina, anticorpo anti-HER-2/ neu, paclitaxel, etc.
O câncer de mama ocupa um papel ímpar na história do uso da MEL, pois os primeiros indícios de que o hormônio poderia ser útil na terapêutica oncológica surgiram no estudo dessa doença, conforme descrito anteriormente.
Cohen et al.foram os primeiros a sugerir que a atividade diminuída da glândula pineal poderia contribuir para a gênese de tumores de mama, por provocar hiperestrogenismo relativo. Essa teoria foi complementada por experimentos in vitro que demonstraram as ações antiproliferativas da MEL sobre células de câncer de mama. A teoria foi corroborada pela descoberta de novos mecanismos de ação da MEL, como suas propriedades antioxidantes e imunomoduladoras. Dessa forma, Cos e Sanchez- Barcelo propuseram que o mecanismo de ação da MEL no câncer de mama envolveria: a ação hormonal, a ação antioxidante e a ação imunomoduladora.
Além do já citado trabalho de adenocarcinoma mamário em ratas induzido por DMBA (dimetilbenzoantraceno), destacam-se outros estudos in vivo, tais como a indução de alterações na função da glândula pineal obtida através de mudança na exposição à luz, a ablação cirúrgica e desnervação, através de gangliectomia cervical superior bilateral. Apesar da grande variação dos resultados dos estudos in vivo, há evidência experimental de que a MEL aumente a latência de tumores de mama e reduza o tamanho de adenocarcinomas mamários, embora existam dúvidas sobre seus mecanismos de ação.
Os efeitos da MEL foram bem estudados in vitro, utilizando a linhagem MCF-7 de células do câncer de mama. Essa linhagem originou-se da efusão pleural de uma mulher com carcinoma de mama metastático e continha receptores de estrogênio e progesterona. A MEL é capaz de inibir a proliferação das células MCF-7 com receptores MT1 (tipo 1 para MEL).
Estudos em humanos demonstraram que os níveis de MEL diminuem cerca de 50% em pacientes com tumores primários de mama em expansão, enquanto, em pacientes com tumores secundários os níveis são semelhantes aos de controles.
Estudos de administração de MEL a pacientes oncológicos sugeriram que 20mg/dia de melatonina oral podem amplificar a resposta terapêutica ao tamoxifeno em mulheres com câncer de mama metastático e induzir a regressão tumoral em pacientes que não respondem ao tamoxifeno isoladamente.
Enfim, o uso da MEL no tratamento do câncer de mama é muito promissor, mas há necessidade de realização de estudos randomizados com maior número de pacientes para que se tornem patentes suas melhores aplicações.
Câncer de Próstata
O câncer de próstata é o mais comum e a segunda principal causa de morte relacionada ao câncer em homens norte-americanos. Sua incidência aumenta com a idade. Autópsias detectaram a doença em cerca de 64% dos homens com 60-70 anos. A doença já foi relacionada a fatores dietéticos, estilo de vida e andrógenos.
O tratamento da doença se baseia no estadiamento TNM (Tumor-Linfonodo-Metástase) da doença e pode envolver a prostatectomia radical, radioterapia, criocirurgia. No caso da doença metastática utiliza-se a terapia de privação androgênica através de administração de agonistas do LHRH (Hormônio Liberador do Hormônio Luteinizante), antiandrogênicos, ou orquiectomia.
Os níveis de MEL demonstraram-se baixos com os ritmos de secreção preservados em pacientes com câncer de próstata. Experimentos in vitro mostraram os efeitos oncostáticos da MEL sobre células das linhagens DU145 e LNCaP do câncer de próstata. O grupo de Sainz evidenciou que a redução significativa da proliferação celular da linhagem LNCaP não dependeu da presença de receptores para androgênios. Xi et al. confirmaram os efeitos da MEL na linhagem de células LNCaP in vivo (camundongos) e o envolvimento dos receptores MT1 em seu mecanismo de ação.
Outro estudo mostrou a queda de 50% dos níveis de PSA em metade dos pacientes tratados com a associação de LHRH e MEL100.
O tratamento com associação de MEL e restrição androgênica pode ser uma boa indicação no câncer de próstata avançado, mas seus estudos são ainda iniciais, aguardando-se resultados mais esclarecedores sobre o assunto.
Cânceres de Pulmão, Gástrico, Hepático e outros tumores
O uso da MEL já foi pesquisado em outras neoplasias, como a de pulmão, estômago e fígado. Houve dificuldades na demonstração dos efeitos benéficos do hormônio nestes primeiros estudos, possivelmente porque a MEL só foi testada em pacientes com doença metastática avançada.
A observação da melhoria da qualidade de vida dos pacientes tratados com a MEL justificou a realização de novos trabalhos. A evolução das pesquisas de Lissoni et al.culminou, em 1994, com o estabelecimento da primeira imunoterapia para câncer com resultados superiores aos da quimioterapia: o estudo envolveu 60 pacientes com câncer avançado de pulmão (câncer pulmonar de células não pequenas); metade recebeu o tratamento convencional, com cisplatina e etoposida; a outra metade foi tratada com IL-2 e MEL; o último grupo obteve melhores resultados, tanto na qualidade de vida, quanto na avaliação da evolução da doença. Ao final de um ano, 45% dos pacientes que receberam imunoterapia estavam vivos, enquanto apenas 19% dos que receberam quimioterapia ainda viviam.
Outro estudo foi realizado com 100 pacientes com câncer metastático pulmonar de células não pequenas, divididos em dois grupos: um recebeu quimioterapia somente com cisplatina e etoposida e o outro com as mesmas drogas associadas à MEL. Nenhum paciente que recebeu exclusivamente a quimioterapia estava vivo após 2 anos de estudo, enquanto a associação de MEL possibilitou a sobrevida de 5 anos de 3 pacientes. Além disso, a quimioterapia foi mais bem tolerada no grupo tratado com a MEL.
Estudos in vitro confirmaram os efeitos oncostáticos da MEL nos seguintes grupos de neoplasias: câncer endometrial, gástrico, de glândulas adrenais, de células renais, do cólon e retais. Pesquisas recentes demonstraram um efeito inibitório da MEL sobre a angiogênese tumoral em pacientes com tumores avançados.
Os efeitos oncostáticos da MEL foram reconhecidos em diversos grupos de neoplasias, com atenção especial aos pacientes com câncer pulmonar de células não pequenas, possivelmente o primeiro tipo de tumor tratado com imunoterapia ao invés da quimioterapia.
MEL como adjuvante de terapias convencionais
O efeito mais marcante da MEL é sua capacidade de diminuir a inibição de células do sistema imunológico induzida pela quimioterpia. Inicialmente, foi demonstrado que os principais alvos do hormônio eram as células T helper tipo 2 e macrófagos e que o seu nível sérico era elevado pela administração de MEL. Além disso, a MEL aumenta a produção de IL-1, IL-6 e IL- 12 em monócitos.
Callaghan sugeriu que a MEL teria ação farmacológica sobre os mecanismos de estresse e a depressão em pacientes oncológicos. É conhecida a relação entre processos psicológicos e o sistema imunológico. Os efeitos da MEL sobre o sistema imune seriam diretos, pelo estímulo de células imunes e citocinas, e indiretos, através da regulação das alterações psicológicas.
Sainz et al.relataram o efeito inibitório da MEL na apoptose de células imunes e nervosas, na apoptose
neuronal e o estímulo à apoptose de células neoplásicas.
Outro importante efeito da MEL é sua capacidade de diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia oncológica. Estudos posteriores, em humanos, demonstraram que a MEL tem efeito protetor contra as reações adversas da quimioterapia, especialmente os efeitos mielossupressores e neurotóxicos. Em outros estudos preliminares se experimentou o uso da MEL como terapia adjuvante, com alguns resultados positivos. Wilson et al.demonstraram que a potência do tamoxifeno em inibir o crescimento de culturas MCF-7 do câncer de mama humano era ampliada 100 vezes quando ministrado após o uso de concentrações fisiológicas de MEL. Maestroni et al.demonstraram in vitro os efeitos positivos da MEL como estimuladora do crescimento de colônias de macrófagos e granulócitos, reduzindo os efeitos inibitórios do quimioterápico etoposida.
Estudos mais recentes confirmaram os efeitos protetores da MEL. Um deles demonstrou aumento da eficácia do tratamento do câncer colorretal metastático através do uso de MEL associada ao irinotecano. Outra investigação realizada com 20 pacientes com câncer pulmonar metastático, demonstrou melhora da atividade citotóxica contra o câncer e redução da anemia induzida pela cisplatina.
DISCUSSÃO
A utilização da MEL em pacientes oncológicos tem sido muito estudada in vitro e in vivo. Seus mecanismos de ação são hoje melhor compreendidos e envolvem principalmente sua capacidade de estimular a resposta imunológica, mas também estão relacionados à sua atividade bioquímica e metabólica.
Embora as pesquisas demonstrando os efeitos oncostáticos da MEL sejam encorajadoras, o seu uso mais promissor é, sem dúvida, como adjuvante de outras terapias. A maioria dos estudos demonstra melhoria da qualidade de vida, diminuição dos efeitos tóxicos da quimioterapia e potencialização dos efeitos de outras drogas. É necessária a realização de mais estudos para avaliar sua possível superioridade em relação à terapêutica oncológica clássica.
Diferentes tipos de neoplasias respondem diferentemente ao uso da MEL e, em humanos, ela só foi testada em casos de cânceres avançados e/ou metastáticos. O uso da MEL no câncer de mama foi uma das primeiras e mais bem estudadas aplicações terapêuticas do hormônio em pacientes oncológicos e se mostrou muito promissor.
Novos estudos esclarecerão dúvidas sobre os possíveis benefícios do uso da MEL associada à restrição androgênica nos cânceres de próstata. Diversas outras neoplasias já foram tratadas experimentalmente com a
MEL, como os cânceres de pulmão, gástrico e hepático. Os resultados dos últimos estudos de pacientes com câncer pulmonar de células não pequenas demonstraram superioridade do tratamento com a MEL associada à
quimioterapia quando comparada à quimioterapia isolada.
Os efeitos benéficos da MEL sobre a qualidade de vida e protetores em relação aos efeitos adversos dos esquemas de quimioterapia já foram confirmados por sucessivos trabalhos e podem ser considerados com alguma segurança. Os efeitos protetores da MEL não alteram os efeitos terapêuticos dos quimioterápicos e, em vários casos, os potencializam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
São 117 e podem ser verificadas no arquivo completo no endereço:
http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v01/pdf/revisao2.pdf
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