sexta-feira, 30 de maio de 2014

JAN 2014 - Férias Inesquecíveis

As nossas férias desse ano foram incríveis, pois tivemos a oportunidade de conhecer lugares que jamais imaginaríamos ir. Tudo começou quando, em maio de 2013 recebi um e-mail de um site de compras coletivo chamado “Viajar Barato”, oferecendo um cruzeiro de 7 dias pelo Mar Vermelho, com tudo incluído e no itinerário constava 3 portos do Egito  (Sharm el Sheikh, Safaga e Sokhna), 1 de Israel (Eilat)  e 1 da Jordânia (Aqaba). O interessante seria que enquanto o navio estivesse ancorado nesses portos, teríamos a oportunidade de visitar as Pirâmides, Jerusalém e a maravilhosa cidade de Petra na Jordânia. O mais incrível de tudo isso era o preço, que seria R$ 470,00 (isso mesmo, reais) por pessoa e ainda parcelado em 9 vezes! Claro que ficamos empolgadíssimos e avisamos alguns amigos e familiares e resolvemos juntos encarar esta grande aventura. Escolhemos uma data de janeiro, que seria mais apropriada para todos.

Após a compra dos pacotes no site, comecei pesquisar as passagens aéreas, pois são caríssimas para essa região, mas se compradas com antecedência, é possível conseguir ótimos preços. Então compramos as passagens aéreas também e passamos a contar os dias para esta grande aventura.

Foi uma decepção quando em julho recebemos um e-mail comunicando que a MSC cruzeiros cancelou as rotas para o Mar Vermelho, devido à instabilidade política no Egito, que poderia chegar a uma guerra civil, segundo alguns analistas. Para que não fossemos prejudicados, nos ofereceram um cruzeiro similar de 7 dias, mas com itinerário para as ilhas Las Palmas, S Sebastian de La Gomera, Funchal, etc, que ficam próximas à costa da África, mas pertencem a Espanha e Portugal... Claro que ficamos muito chateados, mas já que não havia dado certo, tentamos cancelar a passagem aérea junto a Turkish Airlines, mas a multa por cancelamento era muito alta e não valia à pena. Foi então que comecei a pesquisar uma forma de irmos por conta, reservando Hotéis, guias e passeios diretamente. Pesquisando, descobri que hotéis naquele região não são caros e os custos totais ficariam aproximados aos do cruzeiro.

Como nosso vôo para Sharm el Sheikh, (porto no Egito onde partiria o cruzeiro) faria uma escala em Istambul na Túrquia, um amigo do grupo sugeriu ficarmos alguns dias lá, pra conhecermos Istambul e também a região da Capadócia.

E assim aconteceu. Cuidei de tudo e fiz as reservas dos Hotéis em Istambul, em Goreme (Capadócia) e também em Sharm el Sheikh no Egito. A Capadócia fica a aproximadamente de 700 Km de Istambul, então seria melhor irmos de avião. Consegui passagens aéreas a 19 dólares por uma Cia aérea chamada Pégasus. Reservei também transfers, do aeroporto – Hotel e vice versa. Também os guias que falam português, pois ninguém do nosso grupo fala turco, hebraico ou árabe. Até o nosso inglês é muito básico... Reservei também todos os passeios que faríamos e graças a Deus deu tudo certo.

Enquanto os meses se passavam, as notícias acerca da crise no Egito só pioravam. Praticamente todos os dias havia notícias de mortos. Em julho de 2013, o presidente Mohammed Morsi foi deposto pelos militares, e a Irmandade Muçulmana ficou revoltada e foi na maioria das vezes a responsável pelos conflitos que quase sempre resultavam em mortes.

Embarcamos no dia 14/01/2014, com algumas horas de atraso, pois o nosso avião foi aquele que a imprensa noticiou que vindo de Istambul teve que fazer uma parada de segurança no Marrocos, por suspeita de bomba, pois alguém esqueceu um tablet no avião e como o dono não aparecia, a tripulação achou melhor não colocar o avião todo em risco e optou pela escala no Marrocos. Como seria esse mesmo avião que embarcaríamos, sofremos a conseqüência desse atraso. Mas graças a Deus correu tudo bem. Foi um vôo de 12 horas e cruzamos todo o deserto do Saara antes de chegar em Istambul. A Turkish é uma Cia Aérea maravilhosa, com poltronas confortáveis e bom entretenimento a bordo.Mas o seu ponto forte são as refeições, que realmente são muito boas.

Chegamos em Istambul com atraso, mas o nosso transfer estava nos aguardando. Antes do embarque, consegui enviar um e-mail e avisar...

Chegamos já de madrugada no Hotel Saruhan e o atendente nos recebeu muito bem. Nos acomodou e disse que podíamos fazer o check´in no dia seguinte. Fiz a reserva do hotel pelo site Booking.

Bom, como os relatos são bem extensos, vou dividir em alguns posts. Claro que o assunto não tem nada a ver com o câncer, mas como uso este espaço como um diário das nossas experiências mais marcantes, vou postar aqui e de repente, ficam as dicas pra quem tem intensão de fazer este roteiro.

Desde que meu filho foi diagnosticado com câncer, decidimos viver intensamente cada momento e por isto que não medimos esforços para correr atrás dos nossos sonhos...

quarta-feira, 28 de maio de 2014

11 JAN 2014 : Um grande livramento

Conforme mencionei na última postagem, meus três filhos foram para Barretos entre os dias 07 e 12 de janeiro para participar do Campori de Desbravadores da Divisão Sul Americana, com mais de 35.000 crianças, jovens e adolescentes da América do Sul. Foi aberto para visitação no sábado dia 11/01, então eu e meu marido pegamos estrada e dirigimos aproximadamente 450 km para rever nossos meninos e conhecer esse grande evento. Passamos o dia com eles e no fim da tarde tomamos o caminho de volta. O encerramento do Campori seria no dia seguinte e sabendo que estavam cansados, perguntamos se queriam retornar conosco de carro... Mas nenhum dos três aceitou, pois não queriam perder os últimos momentos desse evento tão inesquecível.

Era horário de verão e ainda estava claro, então eu comecei dirigindo. Ao escurecer, meu marido assumiu o volante. Estávamos na rodovia Washington Luiz, por volta das 21:00 horas, no km 250, na região da cidade de São Carlos, quando de repente o farol do nosso carro refletiu a poucos metros uma moto, que estava a uma velocidade baixíssima e sem iluminação. Estávamos a 120 Km por hora, que é a velocidade permitida naquele trecho e só deu tempo de eu avisar meu marido, que não tinha percebido a moto. Ele imediatamente tirou o carro para o lado, e por causa do movimento abrupto, perdeu a estabilidade e o controle... O carro foi para um lado e para o outro, chegando a ficar sob duas rodas, de um lado e do outro... Invadimos o canteiro central e finalmente o carro parou a poucos metros de uma pista lateral, virado no sentido oposto ao que estávamos... Foram segundos de muita aflição e até hoje é bem nítido na minha mente. Por muito pouco não capotamos e foi um grande milagre não haver outro veículo do nosso lado no momento que ziguezagueamos na pista, a 120 km por hora...  Descemos do carro super assustados, mas sãos e salvos. Outros veículos pararam para saber como estávamos, mas a moto, que por causa das suas condições causou todo o incidente, seguiu caminho e foi embora. Uma senhora que estava num caminhão nos contou que viu a moto e como tudo aconteceu. Ela nos disse que por muito pouco não os atropelamos.

Acho muito perigoso o tráfego de motos nas estradas e se estiver sem iluminação à noite, é mais perigoso ainda. Nestas estradas de tráfego rápido, andar quase parando, além de ser perigoso para os próprios motociclistas, pode causar outros acidentes graves com outros veículos, que podem perder o controle ao tentar desviar. Lembro agora de um acidente gravíssimo ocorrido no mês passado, dia 14/05, no Ceará. Segundo testemunhas, uma moto cruzou o caminho de um ônibus na contramão e o motorista perdeu o controle ao tentar desviar. O saldo foi 18 mortos e 15 feridos!

Passado o susto, foi momento de agradecer muito a Deus pelo livramento. Poderíamos ter morrido e deixado nossos três filhos órfãos... Foi providência divina o fato de os meninos não estarem conosco, de terem querido ficar em Barretos e só retornar no dia seguinte... Talvez com o veículo mais pesado, o desfecho fosse outro.

O carro ficou bastante danificado e passou um bom tempo na oficina, pois além da funilaria, também afetou partes do motor. Pagamos a franquia do seguro e tudo foi resolvido.

Deus sabe de tudo!! Gosto muito de lembrar que “Deus não conduz jamais Seus filhos de maneira diferente da que eles escolheriam se pudessem ver o fim desde o principio.”


No dia seguinte  os meninos retornaram de Barretos em segurança. Estavam bastante cansados, mas felizes e realizados por tantas experiências vividas. Tiveram somente 24 horas para descansar, pois no dia seguinte, 13/01, sairíamos para nossa tão almejada viagem de férias. Falarei a respeito na próxima postagem...

terça-feira, 27 de maio de 2014

07 a 12 JAN 2014 - Campori da Divisão Sul Americana

Entre os dias 07 e 12 de janeiro de 2014 aconteceu o Campori Sul Americano de Desbravadores, que foi na cidade de Barretos, interior de São Paulo, a aproximadamente 400 Km da capital.O Campori é um grande acampamento que reúne adolescentes, jovens e crianças que participam dos clubes de desbravadores mantidos pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em todo o mundo. 

Esse grande “encontro” sul americano acontece de dez em dez anos, e com certeza é um momento marcante e único na vida de quem participa. Meus três filhos participaram e amaram.

O Parque do Peão em Barretos se transformou numa verdadeira cidade, com mais de 35.000 pessoas acampadas em barracas de lona. Foi organizada uma estrutura gigantesca, para garantir água, energia, alimentação, segurança, prontos atendimentos em caso de emergência e muitos outros serviços essenciais.

Meus filhos Bruno e Davi foram alguns dias antes para ajudar na montagem do acampamento do Clube que eles pertencem, mas o Vitor e as demais crianças foram somente no dia da abertura. Pude assistir a cerimônia de abertura online pela internet e foi emocionante. Estiveram presentes algumas autoridades,  incluindo o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin.

Além da interação entre os participantes, foram desenvolvidas muitas atividades, incluindo eventos comunitários. Um dos dias foi reservado para o Parque Aquático Thermas dos Laranjais, em Olímpia. Foi dividido, pra que em cada dia fosse um grupo de determinada região, porque se todos os 35.000 fossem num único dia, o parque aquático não comportaria.

No sábado dia 11, penúltimo dia do evento, o grande acampamento foi aberto para visitação, então eu e meu marido fomos até Barretos. Ficamos impressionados com tamanha organização, pois as áreas foram divididas por regiões e não foi difícil encontrar o clube dos meninos no meio daquela cidade imensa. Após o almoço, fomos passear e conhecer os outros clubes do norte, nordeste, centro-oeste, sul, sudeste, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Colômbia, Paraguai, Uruguai. Muito interessante interagir com outras culturas e fazer novas amizades.

Eu e meu marido ficamos felizes ao ver nossos filhos contentes, ativos e participativos. O Vitor especialmente super falante e integrado ao grupo. Retornaríamos no mesmo dia, pois visitantes não podem pernoitar no local, aí perguntamos se eles queriam retornar conosco de carro... Imaginamos que estivessem cansados e quisessem voltar pra casa e qual foi a resposta? Nenhum dos três quis perder os últimos momentos desse evento tão especial e eu e meu marido retornamos sozinhos, deixando nossos pequenos lá em Barretos. Hoje eu entendo que foi melhor eles terem ficado, pois aconteceu um acidente no nosso retorno e na próxima postagem falarei sobre isto...

Reportagem do Jornal Nacional falando do Campori

Vitor, Bruno e meninos da unidade deles
Cozinha do Clube deles, onde foram realizadas as refeições


Almoçamos com eles no dia que visitamos o Campori
O Clube Alfa Centauro fazendo interação com um clube do Chile


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Natal 2013

Passamos nosso Natal de 2013 com familiares em Sabino, interior de São Paulo, a aproximadamente 450 Km da capital.

É nessa pequena cidade que minha mãe nasceu e foi criada. Minha vó e 1 tio ainda moram lá e uma outra tia mora em Lins, que fica a 29 Km de Sabino.

Meu bisavô Ângelo veio da Itália com seus pais e irmãos e aqui no Brasil, na cidade de Jaguariúna, se casou com minha bisavó Santina. Após morarem em outras cidades da região, adquiriram terras em Sabino e iniciaram o cultivo do café.

Minha mãe se casou com meu pai e veio morar em São Paulo, mas desde pequena, lembro das férias deliciosas que passávamos no sítio dos meus avós. Quanta saudade tenho dessa época, quando pedia para meu avô Ernesto me acordar cedo para vê-lo tirar leite das vacas...

Lembro do pomar carregado das mais variadas frutas, como manga, jabuticaba, seringuela, laranja, ponkan, abacate, acerola, goiaba. Que delicia era se lambuzar chupando manga do pé!

Depois que meu querido vô Ernesto faleceu, nenhum dos filhos seguiu seus passos e o sítio continua lá, mas abandonado. Minha vó Luiza mora na cidade, pois tem mais de 80 anos e não poderia ficar no sitio sozinha. Em Sabino, ficamos na casa dela e na casa dos meus tios também.

Em Sabino tem uma prainha e é visita obrigatória todas as vezes que vamos pra lá. É um "braço" do rio Tietê... Na foto ao lado, meu irmão Ezequias, minha cunhada Amanda, tio Sinézio, meus filhos Bruno, Davi e Vitor.

Nem parece o rio Tietê que vemos em São Paulo... Ele nasce em Salesópolis, a não muitos quilômetros do oceano atlântico, mas não corre para o mar. Aliás, até corre, mas irá desaguar a milhares de quilômetros de sua nascente.. Seu curso é em sentido oposto ao mar, cortando a cidade de São Paulo, o estado e indo desaguar no rio Paraná. Segue então para o sul, passando por terras argentinas, até chegar no rio da Prata e por fim, no oceano Atlântico.

Os meninos jogando bola nas areias da prainha

Minha mãe e minha vó só observando os netos e bisnetos...

Recém construído pier no Condomínio Xangrilá

Meu sobrinho Pedro colhendo acerola no nosso terreno no condomínio Xangrilá

Momento inesquecível para meu filho Bruno , aprendendo dirigir.

Nossa ceia de Natal - Vitor com o papai e o tio Luiz, na casa da bisavó Luiza

Esse garotinho lindo é nosso mais novo priminho Samuel, filho do primo Marcelo

Passeio na praça da cidade pra ver a decoração de Natal - eu, tia Ivaneide, prima Dani, cunhada Amanda e priminho Samuel

Claro que não poderia faltar a garapa no rancho do tio Luiz...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A importância da Vitamina D

Somente depois eu entendi poque o Dr. Felippe (médico nutrólogo / biomolecular), que acompanhou meu filho Vitor, prescreveu em receituário médico 30 minutos diários de banho de sol, ao meio dia e SEM protetor solar. 

Muitas matérias e artigos têm sido publicados ultimamente sobre a importância da vitamina D, que na realidade não é uma vitamina e sim um hormônio, cujos benefícios estão relacionados a pelo menos 2000 genes. 

O endocrinologista americano, Dr. Michael Holick, professor da Universidade de Boston é autor de um livro cujo título é “Vitamina D – como um tratamento tão simples pode reverter doenças tão importantes”. 

O Sol é um dos “remédios” de Deus para nós e muitas vezes subestimamos este maravilhoso presente!

Segundo as últimas pesquisas, o horário ideal para que nosso organismo sintetize a vitamina D é o mais abominado pelos dermatologistas – do meio-dia às 2 horas da tarde, sem proteção. Segundo o médico Omar Lupi, vice-presidente do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia, “poucos minutos de sol intenso, seguidos de proteção adequada, NÃO são suficientes para causar câncer de pele em longo prazo.” Ao que tudo indica,aliás, conforme os mais avançados estudos sobre o assunto, o sol pode até ser fator de proteção contra o melanoma.

Apesar da fartura de sol que temos no Brasil, entre 50 % e 80 % da população brasileira apresentam déficit de vitamina D, segundo Marise Lazaretti, chefe do grupo de doenças osteometabólicas da Escola Paulista de Medicina. 

Dentro de casa, no trânsito ou sob o vidro de janelas não podemos usufruir dos benefícios da vitamina D... Os protetores solar disponíveis no mercado pode reduzir em até 99% a fabricação de vitamina D. Outro detalhe: impossível conseguir a quantidade mínima necessária exclusivamente através da alimentação... Seriam necessários 3 latas de sardinha,2 postas de salmão ou 50 – 100 gemas de ovo todos os dias... 

Com relação ao câncer, níveis adequados de vitamina D no organismo estão relacionados à prevenção e para quem já tem a doença, a vitamina D funcionada como uma espécie de “sentinela” da multiplicação celular, que é indução da apoptose, um mecanismo de defesa no qual células potencialmente malignas “cometem suicídio”.

Meu filho é portador de uma doença chamada “Neurofibromatose 1”, que é resultante de um defeito no gene que produz uma proteína (neurofibromina), envolvida no controle do crescimento celular. Este gene fica localizado numa das metades do par de cromossomos de número 17 e por causa disso, os portadores de neurofibromatose tem uma propensão maior a desenvolver tumores.

Uma coisa interessante que li recentemente foi que os pesquisadores tem verificado que grande parte dos doentes com Neurofibromatose 1 tem a densidade mineral diminuída nos ossos, ou seja, depositam menos cálcio nos ossos, o que talvez tenha relação com os baixos níveis de Vitamina D que eles também apresentam. Depois que li isso, tive mais certeza ainda dos benefícios dos sucos de vegetais crus orgânicos que meu filho toma diariamente a 6 anos e 2 meses, que oferece um excelente aporte de minerais todos os dias. E a uns 2 anos, ele passou a tomar suplementação de vitamina D 3... Tenho convicção que essas medidas, além de melhorar a sua saúde, tem contribuído para que a neurofibromatose “não se expresse” da forma esperada e peço a Deus que assim continue. Ele continua ótimo, freqüentando a escola e sem qualquer sintoma que o remeta ao tumor cerebral ou à neurofibromatose.

Amigos, vamos nos lembrar de usufruir deste maravilhoso remédio de Deus para nós, que é o sol!


segunda-feira, 19 de maio de 2014

30 NOV 2013 – Vitor mais uma vez campeão do QSP

No dia 30 de novembro de 2013 aconteceu mais uma final do concurso “Quem Sabe Prova”, que ocorre todos os anos no Clube de Desbravadores da nossa região. Como já mencionei em outras ocasiões, o Clube de Desbravadores é vinculado à Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas grande parte de seus membros não fazem parte da religião, pois é aberto a todos quantos queiram participar. As reuniões são duas vezes por semana: aos sábados à tarde e também aos domingos de manhã e procura-se desenvolver as partes física, mental e espiritual das crianças e adolescentes. Muitas atividades humanitárias e ao ar livre e eles adoram.

Centenas de crianças participaram do concurso “Quem sabe Prova” e o Vitor foi passando de fases no decorrer do ano, até chegar à final. Foi emocionante quando foi anunciado que foi campeão mais uma vez! O prêmio foi um ipad e ele fiou muito feliz.

No ano de 2013 o livro estudado foi “História da Vida – de onde viemos, para onde vamos”, cujo autor é o jornalista, mestre em teologia e também autor de outros livros, Michelson Borges. É também membro da Sociedade Criacionista Brasileira.

O livro é bem interessante, pois apresenta as explicações para a origem da vida através das duas cosmovisões existentes: evolucionista e criacionista.

O autor foi darwinista por um grande período da sua vida, mas tornou-se criacionista após conhecer o outro lado e perceber que o evolucionismo não é totalmente empírico como nos querem fazer acreditar e o criacionismo, por outro lado, não é apenas religião e metafísica.

Quando o autor Michelson Borges estudou química, pode perceber uma realidade diferente nos laboratórios. Pôde identificar, em lugar da aleatoriedade e acaso, beleza, simetria, design, engenhosidade, sincronismo, ordem, linguagem e periodicidade. A própria tabela periódica dos elementos evidencia organização e planejamento. É possível harmonizar tudo isto com a visão naturalista?

Depois, quando estudou jornalismo, percebeu como a opinião pública pode ser manipulada com as devidas ferramentas de controle. Seu ex professor Nilson Lage dizia: “Fatos podem não comprovar nenhuma teoria, mas derrubam teorias equivocadas. E por isso eles são perigosos...” Posteriormente matriculou-se no curso de mestrado em Teologia e dedicou cinco anos de estudo aprofundado da Bíblia, nos campos da hermenêutica, exegese, pensamento judaico-cristão, doutrinas, etc... Sua conclusão é que a Bíblia é uma fonte de informações confiável e perfeitamente compatível com a ciência experimental. Não é confiável aceitar cegamente declarações vindas de homens de jaleco branco ou de jornalistas, quando falam de assuntos fora de suas especialidades, como teologia e religião. O Ideal é procurarmos estudar por nós mesmos, antes de aceitar a opinião de qualquer fonte. Não devemos ser incrédulos (que decidiu não crer), mas um bom cético (que duvida para crer).

Como mãe cristã, procuro educar meus filhos nos princípios bíblicos. Quero que eles estudem e compreendam com clareza as razões de sua fé. Estão crescendo e são livres para pensar e decidir no que crer. Infelizmente o mundo está secularizado e Deus é colocado de lado cada vez mais. 

Eu também acredito que é possível harmonizar fé e ciência. Alguns gigantes da ciência, como René Descartes, Van Helmont, Nicolau Copérnico, Isaac Newton, Eiseley, entre outros, já acreditavam nisso. E muitos cientistas da atualidade continuam acreditando e vendo muito sentido na Bíblia, a palavra de Deus.

As profecias são mais uma prova da inspiração da Bíblia. O profeta Isaías escreveu a mais de 2000 anos atrás: "Ele é o que está assentado sobre a redondeza da Terra, cujos moradores são como gafanhotos; é Ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar" (Isaías 40:22). Durante séculos, alguns cientistas não cristãos afirmavam que a Terra era plana, porém a Bíblia já dizia que era redonda. Cristóvão Colombo provou a veracidade da Bíblia ao chegar à América em 12 de outubro de 1492.

No ano passado tive a oportunidade de assistir uma palestra sobre evidências do Dilúvio, com o geólogo e professor universitário Dr. Nahor Neves de Souza Junior, que também é diretor do Geoscience Research Institute no Brasil. Foi maravilhoso e só ajudou a confirmar a minha fé no relato bíblico de Gênesis. Tivemos a oportunidade de recebê-lo em nossa casa e passar o dia com ele e sua família. Foi muito especial, principalmente para o meu filho Bruno que está fazendo cursinho e uma das opções no vestibular é Geologia.

Há um livro muito curioso intitulado “Um ateu garante: Deus existe”, do inglês Antony Flew, que formou-se em Oxford e lecionou em universidades importantes. Após passar mais de 50 anos defendendo o ateísmo, viveu uma peregrinação da razão, que o levou a mudar de opinião e aceitar a existência de um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipotente, onisciente.

Também cito o cientista Francis Collins, conhecido por ter dirigido o projeto Genoma juntamente com Craig Venter. Ele foi ateu por muitos anos, até que no exercício da medicina comprovou a força que a fé transmite aos pacientes nos estados mais críticos. Ficou impressionado e pediu conselhos a um pastor, que recomendou o livro “Cristianismo Puro e Simples”, do também ex-ateu e professor de Oxford C.S. Lewis. Após tornar-se cristão, Collins escreveu o livro “A linguagem de Deus” e nele afirma que há base racional para se crer na existência de um criador e que, na verdade os experimentos científicos aproximam o homem de Deus... “Uma das grandes tragédias do nosso tempo é a impressão de que ciência e religião devem estar em guerra”, afirma.

O livro “História da Vida – de onde viemos, para onde vamos” é muito interessante e convido aos meus amigos evolucionistas que vençam o preconceito e conheçam esse outro lado. Recomendo também aos amigos criacionistas, pois há muitas informações de cunho científico e vale à pena saber mais a respeito.


Vitor com seu amigo Vinícius




sexta-feira, 16 de maio de 2014

Lana, nossa fiel companheira!

Lana é a nossa cachorra que está conosco desde março de 2012. Ela chegou até nós graças a um desejo do Vitor, de ter uma cachorra desta raça (Golden Retriever) e foi o pedido para seu aniversário de 11 anos.

Tudo deu tão certo que coincidiu de a Lana chegar no exato dia do seu aniversário, 31 de março de 2012!

A Lana foi doada por um canil especializado na criação desta raça e como ela nasceu com uma tendência genética a desenvolver uma doença chamada “displasia coxo femural”,  não pôde ser colocada à venda e desde que nasceu ficava lá no canil. Segundo o dono do canil, esta raça é muito dócil e companheira e o “sonho” de todo Golden Retriever é ter um lar!

Quando recebemos a proposta de doação da Lana, ela tinha 1 ano e 6 meses e segundo o donos do canil, era a cadela mais bonita de toda ninhada.

Tomamos ciência do problema e nos comprometemos a continuar com o cuidado que até então vinha recendo de seus criadores, de tomar suplementos profiláticos de glucosamina e condroitina, além de vitaminas, pois segundo estudos,  pode ajudar prevenir ou retardar o aparecimento da doença.
Desde então a Lana está conosco e é uma alegria. Ela é muito inteligente, educada e companheira. É uma raça que solta muito pelo, mas faz parte...

No GRAACC tem um cachorro, o Joe,  que parece irmão gêmeo da Lana. Ele é cão terapeuta e toda semana é levado ao GRAACC para “suavizar” os momentos chatos que as crianças que lutam contra o câncer passam no hospital, fazendo quimioterapia, exames ou aguardando consultas médicas.
Por causa do temperamento dócil da Lana, às ela é solicitada pra participar de algumas atividades. Ela já participou de uma programação na escola e até na igreja já foi...


O Vitor é completamente apaixonado por ela e com toda certeza, a presença da Lana em sua vida, é o maior presente que poderia ter!

2012- Lana, Bruno, Davi e Vitor passeando no parque

AGO 2013 - Lana, Vitor, Henrique, Vinicius e Felipe
SET 2013 - Lana participando de um trabalho escolar do Vitor

OUT 2013 - Lana com a professora Sara na igreja


Passeio a Santa Izabel

Quanto amor esses dois!!




quarta-feira, 14 de maio de 2014

OUT 2013 - Inauguração do Hospice Francesco Leonardo Beira, em Itaquera

Mais uma história comovente, de um garotinho que infelizmente sucumbiu a um tumor cerebral e os pais decidiram transformar a dor em amor!

A palavra “hospice” designa tanto uma filosofia de tratamento como uma instituição que busca o alívio dos sintomas de pacientes sem chance de cura. O local está aos cuidados da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), entidade beneficente que tem parceria com o Hospital Santa Marcelina. O objetivo é receber pacientes terminais da rede pública que necessitam de exames e medicamentos para não sentir dor, mas não precisam ficar em um hospital, com restrição de horário de visitas e sujeitos a outras infecções. “Cerca de 80% das crianças conseguem se livrar dos tumores, mas temos de cuidar também dos outros 20% que não conseguem”, explica o oncologista Sidnei Epelman, um dos idealizadores da instituição. Há alguns centros semelhantes no Brasil, como um do Instituto do Câncer, em Cotia, a 31 quilômetros da capital, mas voltados para adultos. A Santa Casa de São Paulo tem um serviço de hospice, mas ele funciona no próprio hospital e realiza apenas atendimentos.

Abaixo, a história do pequeno Francesco, brilhantemente redigida pelo jornalista Paulo Hebmüller, de São Paulo - SP, do blog Viajante do Universo 

              As vidas de Francesco

Waldir e Priscila com Francesco na formatura da pré-escola
PRIMEIRO, enquanto pôde falar; depois, quando passou a formar palavras com as letras que indicava numa tabela que os pais fizeram; e, finalmente, quando a comunicação ficou limitada ao único movimento que lhe restou do corpo – o do olho direito, que indicando para o alto significava “sim”, e para baixo, “não” –; Francesco sempre deixou claro que queria ir para casa, que não desejava ficar no hospital, que esperava viver seus últimos momentos no seu próprio quarto e ao lado dos seus familiares.
Ele sabia do que falava. Hospitais, UTIs, cirurgias, tratamentos longos, pesados e complexos estiveram em sua rotina durante cerca de nove anos de uma vida que se interrompeu pouco depois do décimo-primeiro aniversário.
Francesco sabia também que sua vida seria curta; que seus dias estavam contados.
Certa vez, os pais o levaram, na cadeira de rodas, para conhecer a obra da casa nova que construíam para a família na cidade de Amparo, interior de São Paulo. O menino deixara claro que não queria ir. Ao chegar, abaixou a cabeça, fechou os olhos. Não quis ver nada. Não cedeu à insistência dos pais para entrar e conhecer o que seria o seu quarto.
Porque nunca seria.
“Ele sabia que não iria morar lá, e não morou mesmo”, conta a mãe, a psicóloga Priscila Beira, 39 anos.
Foi numa manhã de um domingo de fevereiro que o desejo que o menino havia manifestado por tantas vezes se cumpriu. Francesco morreu em casa, junto aos seus brinquedos, suas lembranças e seus amados.
Partia o filho; nascia a semente de um projeto destinado a amparar pais e mães que também terão que enfrentar a entrega de uma criança ao fim provocado pelo câncer, mas que não têm os mesmos recursos médicos e financeiros com que a família Beira pôde contar ao longo de sua própria luta.

Uma criança feliz
Francesco faz pose numa loja de esportes antes de escolher um novo par de tênis
FRANCESCO Leonardo Beira era o segundo filho de Priscila e do empresário Waldir Beira Junior, 48 anos, vice-presidente da Química Amparo, fabricante dos produtos Ypê. Quando o menino estava com cerca de um ano e cinco meses, os pais notaram que ele passou a ficar com o pescoço torto. O médico consultado recomendou que os pais prestassem atenção no que aconteceria nos dias seguintes para verificar se não se tratava de um torcicolo ou algo do gênero. Mas, logo a seguir, Francesco começou a ter episódios de vômito e também já não andava mais em linha reta.
De volta ao médico, uma ressonância constatou um grande tumor – do tamanho aproximado de um quarto do cérebro –, muito próximo ao cerebelo. Encaminhados a um neurocirurgião, os pais ouviram que não havia o que fazer: o tumor era grande demais e não se tratava de um caso cirúrgico. “O médico nos disse que voltássemos para casa e procurássemos outro tipo de serviço, porque o Francesco iria caminhar muito rapidamente a óbito”, conta o pai.
Waldir e Priscila procuraram a indicação de um amigo médico e chegaram a outro neurocirurgião, que, após analisar os exames, decidiu pela operação. A primeira das sete cirurgias encefálicas pelas quais Francesco passou ao longo da vida – houve ainda muitas outras intervenções para atacar diferentes problemas – durou mais de catorze horas, inaugurou suas estadias em UTI e teve um pós-cirúrgico complexo. Foram cerca de trinta dias no hospital. Francesco precisou de traqueostomia e gastrostomia, ficou com dificuldades respiratórias, sem conseguir falar e deglutir. A massa tumoral foi removida e, apesar de tudo, a criança conseguiu se recuperar.
Três meses depois, uma nova ressonância detectou que o tumor havia voltado, quase do mesmo tamanho. Ao contrário da primeira vez, agora havia infiltração da doença no próprio tronco encefálico.
Uma segunda cirurgia só pôde remover parte do tumor. Francesco saiu dela sem movimentar o lado direito do corpo e teve um problema de desvio do olho. Começou então a passar por sessões de quimio e radioterapia, enquanto também era atendido por fonoaudiólogas e fisioterapeutas para recuperar os movimentos e a fala e reaprender a deglutir.
Mais uma vez, recuperou-se.
Nos anos seguintes, passou rotineiramente por quimio e radioterapia, exames de controle, eventualmente novas cirurgias. Mas ainda assim o menino ia à escola, viajava com a família, tinha aulas de tênis e de desenho – e desenhava bem, contam os pais.
“Francesco era uma criança feliz e não tinha nenhum sentimento de que fosse vítima com relação a essa questão”, diz Waldir. “Se tinha algum mal-estar por causa da quimioterapia, era uma coisa momentânea. Passado o mal-estar, ele levava uma vida normal. Conhecia todo mundo nas clínicas, era amigo de todo mundo.”
A imagem do tumor no tronco encefálico seguia aparecendo nos exames de ressonância. Enquanto não contrastasse, porém, ela era como um vulcão adormecido: o perigo existe, mas só se houver uma erupção.
Quando Francesco estava com cerca de nove anos de idade, o contraste reapareceu num exame. O vulcão voltara à atividade.

Um alívio
O menino na formatura da pré-escola, aos seis anos
NEM as novas drogas usadas na quimioterapia na tentativa de combater o tumor surtiram efeito. Em poucos meses, Francesco piorou muito. Já não conseguia deglutir nem articular a língua. Se levantava à noite para ir ao banheiro, caía. Passou a não poder mais dormir sozinho, perdeu o controle das funções fisiológicas e teve que ir para a cadeira de rodas.
“Tudo o que uma enfermeira fazia eu sabia fazer”, conta Priscila. Isso significava, entre outras coisas, aspirar a traqueostomia, manipular a gastrostomia e até passar a sonda de alívio, para que o menino pudesse fazer xixi.
Os pais levaram novamente os exames a um neurocirurgião. O médico propôs uma intervenção para trazer algumas melhoras pontuais, porque o tumor estava como que emaranhado nos feixes do tronco cerebral e era impossível retirá-lo. “Não era a cura, e ele deixou isso bem claro para a gente”, diz a mãe. “Mas o Francesco estava muito mal. Então, se isso trouxesse uma melhor qualidade de vida para ele, era superimportante”, acrescenta o pai.
Em janeiro de 2010, o menino enfrentou mais uma cirurgia encefálica. Outra vez, melhorou. Ainda na UTI, por exemplo, voltou a conseguir fazer xixi normalmente.
Sua rotina no retorno para casa passou a incluir a presença de muitos profissionais: fisioterapia para respiração e coordenação motora; fonoaudiologia para a fala e para a deglutição; psicóloga etc. Francesco voltou a falar, a comer, a controlar as funções fisiológicas. Sua cadeira de rodas não precisava mais do encosto para a cabeça. Com ajuda, conseguia caminhar.
“Isso foi uma alegria para a gente”, revela Priscila.
A situação mudaria novamente em abril. O menino teve um sangramento no cérebro e tudo o que havia progredido desde a cirurgia de janeiro regrediu.
Das conversas com os médicos veio a certeza de que novas melhoras não seriam mais possíveis. Os pais então mudaram de estratégia.

Promessa de Natal
Francesco prestes a fazer uma descida de tirolesa
ERA às quartas-feiras: Priscila escolhia programas para fazer com o filho em diversos locais de São Paulo: museus, centros culturais, parques, eventos.
“Com o filho”, bem entendido, significava um pouco mais do que mãe e menino de mãos dadas. Somava-se à cadeira de rodas um grande aparato: respirador, aspirador para a traqueostomia, enfermeira, cuidadora.
Os passeios incluíram o movimentadíssimo Salão do Automóvel – Francesco adorava carros – e apertadíssimas galerias do bairro da Liberdade para procurar games ou bonecos dos personagens de que o menino gostava.
Sua agenda de tratamento restringiu-se ao indispensável – por exemplo, fisioterapia respiratória e fonoaudiologia para a deglutição, que lhe dava o prazer de sentir o sabor da comida. Os demais profissionais foram “cortados”, e a quarta-feira foi vetada para atendimentos. Era o dia para mãe e filho passearem juntos e desfrutarem de momentos de alegria.
Chegou dezembro, e Francesco se mostrava nervoso, não dormia e, quando deitava com a mãe, cutucava seu braço e não a deixava dormir também. Como ele já não falava, os pais tentavam fazer com que respondesse apontando as letras na tabela. Até que o menino esclareceu que estava com medo de passar mais um Natal no hospital, como havia acontecido nos três anos anteriores.
Waldir ligou então para o oncologista Sidnei Epelman, responsável pelo tratamento. O médico falou com Francesco ao telefone e explicou que o quadro era sério, mas estável, e que tudo indicava que ele poderia passar o Natal em casa, junto da família. Dias depois, numa consulta, Epelman repetiu a avaliação. O menino já estava mais calmo.
Na madrugada do dia 19 de dezembro, Francesco sofreu uma grande convulsão. Um novo sangramento levou a outra internação. A situação era considerada gravíssima.
“Eu disse: doutor Sidnei, nós prometemos que ele iria passar o Natal em casa. Vamos montar um esquema e levá-lo para casa. O senhor acha que dá?”, lembra o pai. Dá, respondeu o médico. O problema era a doença de base – o câncer –, mas Francesco poderia ser mantido clinicamente estável.
A família “movimentou o mundo” e conseguiu montar uma verdadeira UTI em casa para recebê-lo. Na manhã do dia 25, Francesco foi transferido para o apartamento da família em São Paulo. Ficou feliz ao perceber que no dia do Natal estava em casa, ao lado dos pais, das irmãs e de outros parentes.
No dia 27, seu aniversário de onze anos, ele teve nova hemorragia e voltou ao hospital. A família sabia que o final da vida de Francesco estava chegando. Era o momento de preparar as condições para cumprir a vontade do filho de passar seus últimos dias em casa.
“Durante esse percurso todo, esses nove anos de cirurgias, quimioterapia, radioterapia e todas as demais terapias auxiliares, ele nunca reclamou de nada. A única coisa de que ele não gostava era de ficar no hospital, especialmente na UTI, porque ali é aquela rotina pesada: luz acesa o tempo todo, uma parafernália, o paciente nunca fica mais de uma hora sem uma intervenção. Nisso o Francesco não dormia, não descansava. O seu desejo sempre era ir para casa”, relata Waldir. “Nós tivemos muitas internações, muito tempo de UTI, mas sempre com uma perspectiva de que estávamos investindo tudo para ter uma melhora ali na frente. Aí valia a pena. Mas, naquele momento, o que víamos? Em vez de ser a tábua de salvação, a UTI era um fardo. Agora era muito mais importante ter qualidade de vida, tranquilidade, sossego e presença dos familiares do que aquela rotina pesada.”

Um pé aqui, outro ali
Francesco onde queria estar: em casa
COM OS dois pés na realidade, você não aguenta. Mas, com os dois na esperança, talvez não veja o que precisa ser visto. Manter um pé na esperança e outro na realidade – eis o difícil equilíbrio, define a médica Ana Cláudia Quintana Arantes, à época coordenadora de Cuidados Paliativos do Hospital Israelita Albert Einstein, onde Francesco se tratava.
“A grande arte é conseguir caminhar junto com a família no momento da esperança, mas ajudá-la a também colocar um pé para encarar a realidade. Ela é um pântano, mas há momentos muito bonitos e doces para ser vividos nesse final”, acredita a médica.
Para Ana Cláudia, o período da última internação de Francesco foi o de preparar a família para dar conta de respeitar a vontade do filho. Seu papel, considera, foi intermediar pais, equipe e infraestrutura hospitalar e doméstica para dar aval ao desejo de Francesco e à decisão de Waldir e Priscila de que o menino ficasse em casa, sem ter dúvidas quanto ao acerto e à segurança da escolha.
Com a equipe, os pais fizeram o levantamento do que seria necessário: respirador, monitor, aspirador, oxímetro, tubos de oxigênio, gerador de eletricidade para o caso de falta de luz (a família preencheu um cadastro na Eletropaulo que comprometia a empresa a avisar com antecedência sobre qualquer corte no condomínio ou na região por conta dos equipamentos que não podem ser desligados), no-breaks, profissionais 24 horas, apoio de ambulância e médicos em caso de urgência.
       No início de janeiro de 2011, consciente, Francesco saiu de sua última internação hospitalar e foi para casa.
“Nós sabíamos que ele iria falecer, fosse em casa ou no hospital”, diz a mãe. “Ele foi com toda a segurança. Em nenhum momento deixou de ter em casa alguma coisa que teria no hospital.”

A chama da vela
Os atores Fernando Sampaio e Domingos Montagner participam de espetáculo 
da série Tucca Aprendiz de Maestro. Montagner é embaixador da Tucca.
Foto: Gustavo Scatena/Imagem Paulista 
“O QUE você espera de mim?”, perguntou a enfermeira inglesa Cicely Saunders a David Tasma, um paciente que chegou com câncer avançado ao hospital em que ela trabalhava. “De você eu quero o que tiver de melhor na sua mente junto com o que tiver de melhor no seu coração”, respondeu Tasma. A resposta marcou muito a enfermeira, que viveu entre 1918 e 2005 e é considerada a criadora dos cuidados paliativos modernos.
“Isso é o que resume o nosso trabalho. Não se pode pensar num profissional de cuidados paliativos que não seja uma pessoa muito boa no que faz. Tem que buscar o melhor em termos de formação, de conhecimento técnico e de atualização, mas tem que ter o coração envolvido”, resume a médica Ana Cláudia.
Ainda pouco difundida e compreendida no Brasil, a prática dos cuidados paliativos é muito disseminada em vários países da Europa e em lugares como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Japão.
Os cuidados paliativos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, consistem na assistência integral oferecida a pacientes e familiares quando diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. Em outras palavras, os cuidados paliativos priorizam o conforto e o bem-estar do paciente e dos familiares nas dimensões física, social, emocional e espiritual quando se sabe que a doença não responde mais aos tratamentos convencionais e que o desfecho se aproxima.
É o contrário da obstinação terapêutica, quando todos os recursos tecnológicos são utilizados para manter a sobrevida – que, não raro, se traduz numa pessoa inconsciente cujas funções orgânicas só se sustentam porque ligadas a aparelhos. Para muitos profissionais, a obstinação terapêutica – ou distanásia – nada tem a ver com prolongamento da vida, mas sim com adiamento artificial da morte, aumentando o sofrimento do paciente e da família.
Os cuidados paliativos estão ligados ao conceito de ortotanásia, ou a morte no tempo certo. O fim da vida não é adiado artificialmente pelos aparelhos, mas também não é antecipado deliberadamente.
A ortotanásia pode ser associada à chama de uma vela, que se extingue naturalmente.
“A gente nunca sabe quando vai ser o final. Enquanto a pessoa está viva, tem que estar bem cuidada”, diz a psicanalista Claudia Epelman, vice-presidente da Tucca - Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer. “Até o momento em que a equipe acredita que há uma chance de cura, por menor que seja, vai atrás. Mas quando o paciente estiver sofrendo mais do que qualquer outra coisa, é hora de parar com o tratamento e começar com os cuidados paliativos.”
Criada há quinze anos com foco em tumor cerebral em crianças e adolescentes (daí a sigla), a Tucca ampliou sua atuação para atender todos os tipos de câncer nessas faixas etárias. Em 2001, firmou uma parceria com o Hospital Santa Marcelina, na zona leste de São Paulo – a de maior densidade populacional da cidade, mas até então praticamente desassistida em termos de centros de referência para tratamento de câncer.
No Ambulatório de Oncologia Pediátrica do hospital, construído em 2007 com financiamento da Tucca, as crianças passam por consultas e recebem todo o tratamento, enquanto mães e familiares também têm a atenção de uma equipe multidisciplinar. Não há fila de espera, e a Tucca cobre tudo o que o Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue oferecer. Os recursos são obtidos por doações e por meio de projetos culturais, via Lei Rouanet, com a promoção de espetáculos e concertos na Sala São Paulo (saiba mais em www.tucca.org.br).
Claudia e seu marido Sidnei Epelman – o oncologista que tratou de Francesco – dividem tarefas na Tucca e no Hospital Santa Marcelina: ela coordena a equipe multidisciplinar do Serviço de Oncologia Pediátrica, enquanto ele é o diretor do serviço; ela é vice-presidente da Tucca, ele é o presidente. A Tucca já tratou mais de 2 mil crianças e adolescentes, alcançando até 80% de cura, padrão dos melhores centros internacionais.
“Nossa meta é oferecer o melhor, do diagnóstico até a reabilitação”, diz a psicanalista. “As pesquisas, os avanços, a alta complexidade dos tratamentos, tudo é feito para curar os pacientes. Mas temos que encarar aqueles que não se curam. Isso é um fato, é uma realidade, e eles precisam ser assistidos.”

De mãos dadas
Os carros eram uma paixão de Francesco
“CARROS”, da Disney – Francesco adorava os personagens do filme. Uma de suas diversões era colecionar os carrinhos. Às vezes, modelos novos apareciam, mas nem sempre estavam disponíveis no Brasil. O menino e o pai entravam em leilões on line para arrematar novidades. Feita a compra, ficava a expectativa da chegada do novo item da coleção pelo correio.
A ideia de retomar os leilões pela internet foi desestimulada por um dos médicos na fase final de Francesco em casa. O menino criava uma ansiedade por conta de brinquedos dos quais – ele sabia – não poderia usufruir. Àquela altura, o único movimento preservado em seu corpo era o do olho direito, para cima ou para baixo.
Era hora de lembrar das coisas boas que a família havia vivido.
E foram muitas: viagens no Brasil e no exterior, comemorações, vitórias, alegrias, conquistas.
Hora de estar em família, abraçar-se e ouvir música juntos.
A irmã mais velha, Giovanna, então com 13 anos, pedia para ficar sozinha no quarto com Francesco. Dizia aos pais que às vezes lembrava de alguma briga com o irmão e queria pedir desculpas.
A pequena Chiara, então com três anos, também ficava no quarto. O menino sempre se divertiu muito com a irmãzinha.
“Nós conversávamos com elas para prepará-las e dizer que o Francesco iria partir”, conta Waldir.
Numa terça-feira, Francesco não acordou. Com a experiência de um curso não formal de medicina trilhado ao longo de nove anos de prática, Priscila constatou o coma. Ligou para uma médica que foi à casa da família e confirmou o quadro.
No sábado seguinte, foi também a mãe que detectou a morte cerebral do filho. Novamente a médica foi chamada para a confirmação.
Na manhã de domingo, os aparelhos davam o alarme de que os batimentos cardíacos estavam caindo.
Priscila, grávida de seis para sete meses, não quis ficar no quarto.
Waldir chamou a filha Giovanna. Cada um segurou uma das mãos de Francesco e, ao longo de cerca de duas horas, pai e filha acompanharam a queda gradativa do ritmo dos batimentos.
Era a manhã do domingo 13 de fevereiro de 2011. Em casa, aos onze anos, Francesco partia.

Sem lugar

COMO acontece com as outras crianças?, perguntavam os pais de Francesco ao doutor Sidnei Epelman ao longo do tratamento. Família e médico conversavam muito sobre as atividades da Tucca, e os Beira sabiam que dispunham de recursos dos quais muitos outros brasileiros não podem lançar mão.
Para muitas famílias, a luta é travada até o fim em meio à parafernália das UTIs. Para outras, a marca são as internações intercaladas com períodos em casa, mas em condições precárias e muito distantes das ideais.
“Imagine essa criança, em estado terminal, numa UTI. No momento em que ela mais precisa de alguém para apertar a sua mão, a mãe só tem meia hora de visita e fica as outras vinte e três horas e meia do dia sentada num banquinho esperando por esse momento”, diz Priscila.
“A gente percebe que toda a orientação é voltada para a cura. No momento em que alguém diagnostica que não há cura, parece que essa situação não tem mais lugar. Na fase final do Francesco, vimos que ele precisava de profissionais mais cuidadosos e mais sensibilizados do que quando estava bem”, ressalta Waldir.
“Parece que, quando o paciente chega nessa fase final, ele é meio que abandonado, e só resta esperar. Mas, enquanto está vivo, os sentimentos existem, e existe a necessidade de alguém do lado, de carinho, de conversa”, completa Priscila.
As perguntas de Waldir e Priscila encontraram parte da resposta no sonho acalentado pela Tucca de construção de um hospice pediátrico, exatamente para receber crianças sem possibilidade de cura e suas famílias.
A prática de um hospice também é novidade no Brasil, embora difundida em outras partes do mundo. De fato, é um lugar – um local para acolher pacientes a quem os tratamentos não dão mais resultado. Mas é muito mais do que isso: é um conceito. Baseados nos cuidados paliativos, os hospices preparam pacientes e familiares para viver da melhor maneira possível o tempo que terão antes da morte do doente.
Boa parte da construção do Tucca Hospice Francesco Leonardo Beira, o primeiro do gênero no Brasil, inaugurado no dia 1º de outubro, foi garantida pela família Beira, com o dinheiro que estava destinado para a conta e o futuro do menino. O atendimento integra os serviços do Hospital Santa Marcelina e será mantido pela sua equipe.
Para Waldir, de alguma forma o projeto representa um sentido a toda a luta que Francesco travou pela vida.
O hospice tem três quartos para acomodar as crianças e seus familiares. É um espaço claro, colorido e cheio de luz.  Por sugestão de Waldir e Priscila, os quartos têm grandes janelas que, quando totalmente abertas, permitem ver o céu. Outro componente importante é uma banheira, inspiração que veio da experiência da família.
“Eu entrava com ele na banheira em casa, o que não era fácil. Uma enfermeira tinha que me ajudar, porque ele era pesado, e não podia passar uma gota d’água pela traqueostomia”, conta a mãe. “Eu ficava com ele, conversando, contando histórias, ou ficava só abraçada. Fazíamos isso todo domingo. Ele adorava ficar na banheira e esperava a semana toda por isso.”
(O “só”, de “só abraçada”, claro, fica aqui justamente destacado.)
Dois meses depois da perda do filho, Priscila daria à luz mais uma menina: Ana Francesca, que carrega no nome a homenagem ao irmão que não chegou a conhecer.

Libertação
Francesco com a irmã mais velha, Giovanna

“NAQUELE momento da partida com o Francesco, em que os aparelhos apontavam para a parada e estávamos ao lado dele, já começava a nascer a saudade do filho que esteve conosco por tanto tempo. Mas, ao mesmo tempo, pelo amor que eu sentia por ele, tinha que deixá-lo partir. Era a libertação daquele estado em que ele se encontrava. É muito mais digno e demonstra muito mais amor você libertar do que tentar prender um ser humano naquela condição”, ensina Waldir – que, como Priscila, é espírita. “Nascia também uma paz de espírito muito grande pelo senso de dever cumprido e de ter feito tudo o que podia ser feito. Mas você tem que se dobrar às leis da natureza, porque elas são superiores.”
Já muita coisa foi vista neste mundo. Mas nunca se encontrou nada mais triste que caixão pequenino, escreveu numa de suas histórias o moçambicano Mia Couto. Há, porém, uma serenidade e uma grandeza no olhar dos pais de Francesco que parece derrubar qualquer grande tristeza incontida em caixão pequenino, e que não deixa indiferente quem o mira.
Francesco, é certo, não está mais aqui – mas, como diz a médica Ana Cláudia Quintana Arantes, sua vida seguirá existindo, porque atravessará a vida de muitas crianças e famílias a quem o menino feito memória acolherá no Tucca Hospice Francesco Leonardo Beira.

por Paulo Hebmüller, jornalista, São Paulo - SP
pauloeh@uol.com.br

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